São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 2000
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Enzo diz que teve a doença
Enzo Perondini Filho, 36, campeão brasileiro de fisiculturismo por cinco anos consecutivos, não tem dúvidas: viveu um processo grave de dismorfia muscular.
"Enquanto ganhava prêmios e todos diziam que eu estava em forma, olhava no espelho e via um cara que precisava de mais músculos. Fiquei escravo da minha própria imagem. Cheguei a perder a sensibilidade", conta o atleta, que consumiu anabolizantes por 16 anos. Daí vieram as consequências: câncer de fígado, necrose dos rins, problemas na vesícula e comprometimentos graves no aparelho digestivo.
Durante o tratamento, viveu momentos terríveis. "Eu parecia um monstro. Devido à insuficiência renal, fiquei muito inchado, com o rosto deformado. Tinha que acordar mais cedo, às cinco da manhã, para tomar diurético e conseguir sair da cama."
Ele diz que conseguiu escapar dessa graças à religião. "Não procurei ajuda psicológica; sou protestante, na época lia muito a Bíblia e só pensava em ficar vivo."
Hoje Perondini trabalha como personal trainer em duas grandes academias de São Paulo e diz que vê muita gente indo pelo caminho dos anabolizantes.
"Muitos até me pedem drogas. Elas aceleram o processo, mas o cara fica com um corpo perfeito por fora e detonado por dentro. Não vale a pena."


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