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S.O.S. família - Rosely Sayão
Escolha da escola
Muitospais enfrentam uma situação
tensa: esta é a hora
de tomar grandes
decisões a respeito da matrícula escolar para o próximo ano.
O ato de escolher em geral não
é fácil, e isso fica mais evidente
quando o que está em questão é
o anseio de uma boa educação e
da melhor formação para o filho enfrentar o futuro.
Para complicar, os pais têm
de dar conta de dois tipos de
pressão: as internas e as externas. As primeiras dizem respeito às suas aspirações em relação à vida escolar do filho. Os
pais querem acertar e, para tanto, buscam algumas garantias.
Esse movimento é salutar, mas
tem provocado uma reação curiosa: os impasses a que se chega. Alguns leitores que escreveram a esse respeito mostram
que terminaram, ao que parece,
num beco sem saída.
Já as pressões externas são
cruéis. De um lado, jornais e revistas fazem reportagens minuciosas a respeito dos vários
tipos de escola, dos métodos,
das propostas político-pedagógicas, do ensino laico e do confessional, da inclusão etc. Eu li
várias dessas matérias, e elas
me deixaram perplexa. Cheguei à conclusão de que os pais
talvez devessem fazer um curso
de pedagogia em dez aulas para
conseguir entender e utilizar
tanta informação em linguagem especializada.
E as pressões sociais? São expressas pelas propagandas das
escolas, pelos rankings escolares, pelas opiniões de profissionais e de conhecidos, entre várias outras. Isso sem falar nos
testes que muitas escolas fazem para selecionar seus futuros alunos e do "feedback" que
dão aos pais. A mãe de um garoto que iniciará o ensino fundamental recebeu da escola um
parecer que a deixou inquieta.
Famosa por aprovar alunos nos
vestibulares concorridos, a escola informou que seu filho não
tinha o perfil adequado para
freqüentá-la.
Salve-se quem puder com
tanta confusão com aparência
sofisticada! E o que os pais precisam realmente saber? Vamos
simplificar a questão.
Item um: escola boa é a que
se dispõe a atender qualquer tipo de criança ou de jovem. As
escolas que têm um perfil ideal
de aluno são as que têm objetivos mais importantes do que o
de educar. São as que querem
atender apenas os que já chegam "formatados" às finalidades a que se propõem.
Esse é o
tipo de escola que exclui, não
importa qual o tipo de exclusão
que pratica. Os pais precisam
considerar que o filho muda
sempre. Isso significa que, a
qualquer momento, um aluno
pode experimentar um perfil
diferente do inicialmente vivenciado e ser excluído.
Item dois: métodos são apenas procedimentos que a escola
utiliza para chegar a determinado resultado. Qual o resultado sensato a se esperar de qualquer método? Que seus alunos
aprendam a disciplina necessária para o acesso ao conhecimento sistematizado e os requisitos importantes para a
convivência social com respeito, justiça e solidariedade. Para
tanto, não é preciso conhecer o
método baseado na teoria socioconstrutivista, montessoriana, waldorfiana etc.
Item três: a melhor escola é
aquela em que a família confia e
à qual delega autoridade educativa. Vale um lembrete: escola
perfeita não existe.
Item quatro: as crianças e os
jovens têm condições de enfrentar quaisquer adversidades
da vida escolar. Para tanto, basta que freqüentem uma escola
que considere as dificuldades
como desafios a enfrentar, e
não como obstáculos ao ensino.
Item cinco: como escola não
é clube, a ambiência física importa menos do que a ambiência educativa. Por último: como
são os professores que praticam a educação escolar, eles
devem ser respeitados e considerados pela escola.
A escolha da escola é mais
simples do que parece. O que
realmente tem valor é que os
pais tomem sua decisão e a
honrem, pelo menos até que o
pacto de confiança inicial seja
desfeito irremediavelmente.
ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como
Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha)
roselysayao@folhasp.com.br
blogdaroselysayao.blog.uol.com.br
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