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Ingrediente
Polvo tem proteínas e muito colesterol
IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Animal marinho predador e de aparência
assustadora, o polvo é
um molusco solitário,
que habita fundos rochosos do
mar. A descrição não é nada
apetitosa, mas os homens descobriram, há milênios, como
aproveitar sua carne saborosa.
Presente em todos os oceanos, integra a alimentação de
quase todos os povos. Há, porém, poucos registros sobre as
origens de seu uso culinário.
Certamente, era uma iguaria
apreciada na época do Império
Romano. Em "Apicius", coleção de receitas romanas compiladas entre os séculos 4º a.C. e
5º a.C., há vários exemplos de
pratos com polvo, segundo o
chef Marco Renzetti, da Osteria
del Petirrosso, de São Paulo. "A
forma mais comum de preparo
era cozinhar o polvo em seu
próprio caldo, deixar o líquido
reduzir e acrescentar condimentos e azeitonas", diz o chef.
Com a introdução do tomate
na culinária italiana (por volta
do século 16), tornou-se popular fazer o polvo "afogado" (cozido no molho de tomates).
O polvo é uma boa fonte de
proteína e de aminoácidos essenciais, entre eles a leucina,
que não é produzida pelo corpo
humano, diz a nutricionista
Laura Contin Algodoal, do Instituto Brasileiro de Educação
Nutricional. Esse aminoácido é
usado para sintetizar proteínas
e como fonte de energia. Acredita-se que ajuda ainda a reduzir a perda de massa muscular
associada ao envelhecimento.
O polvo é também uma boa
fonte de magnésio, potássio,
ferro e gorduras poliinsaturadas. Em contrapartida, é rico
em colesterol (48 mg/100 g).
Por isso, muitas vezes é desaconselhado a quem tem hipercolesterolemia (excesso de colesterol "ruim" no sangue).
"Mas mesmo esses pacientes
podem, eventualmente, comê-lo, desde que se atenham a uma
porção de 100 g", diz Algodoal.
Segundo a nutricionista, o
polvo é muito alergênico para
crianças. Por isso, deve ser introduzido com muito cuidado e
aos poucos na alimentação infantil. O fato de o molusco se
alimentar de muitas outras espécies marinhas também aumenta a chance de contaminação por substâncias tóxicas.
Na cozinha, a maior dificuldade é deixar sua carne, bastante fibrosa, no ponto certo.
Uma dica é comprar polvos
menores, que são mais macios.
Outro jeito de amaciar a carne,
ensina Renzetti, é congelar
previamente o molusco. Para o
chef, "dar pauladas" no polvo,
já em casa, não adianta. "O que
amacia a carne é bater o polvo,
contra uma pedra, por exemplo, imediatamente após ele
ser pescado. Depois disso, não
faz muita diferença", afirma.
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