|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ingrediente
Cravo-da-índia tem ação bactericida
RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Uma especiaria antiquíssima, largamente utilizada pelos romanos, que se presta
tanto a receitas doces quanto
salgadas. Assim é o cravo-da-índia, ou somente cravo, como
também é conhecido.
A abreviação, aliás, evita uma
confusão causada involuntariamente pelos portugueses: eles o
batizaram em referência às antigas Índias Orientais, região da
Ásia que englobava um território muito maior que o da Índia
atual. Era lá que buscavam a especiaria, nativa das Ilhas Molucas, na Indonésia.
De acordo com Robert Falck,
professor do curso de gastronomia da Universidade Anhembi
Morumbi, o comércio desses
botões secos de flores que não
desabrocharam permaneceu
sob monopólio de portugueses
e holandeses durante séculos,
até que um diplomata francês
chamado Poivre furtou sementes da planta em 1769 e ampliou
sua oferta no mercado. "Na
Idade Média, o cravo custava
quatro vezes mais que a noz-moscada, que já tinha preços
estratosféricos", afirma.
Era utilizado então para
mascarar o sabor de alimentos
estragados e condimentar uma
infinidade de receitas, numa
época em que as especiarias
eram muito valorizadas. Com
sabor pungente, entre acre e picante, o cravo deve ser usado
sempre com parcimônia, para
não se sobrepor aos outros ingredientes do prato.
Atualmente, ele é utilizado
no mundo inteiro. "Algumas
preparações são indissociáveis,
como a peça de presunto espetada com cravos e um aromático clássico da culinária, chamado cebola "piqué", que perfuma
o molho bechamel (cebola espetada com cravos e louro)",
diz Falck. "Também forma receitas clássicas com repolho-roxo, laranja, maçã e carne de
porco. Inteiro, entra em marinadas, geléias e compotas. É
muito usado ainda no "garam
masala", um tipo de curry simplificado." Outra receita, típica
desta época, não o dispensa: o
quentão das festas juninas.
Com propriedades bactericidas, atribuídas a um elemento
do seu óleo essencial chamado
eugenol, é usado em chás caseiros para combater resfriados e
dores de garganta. Segundo Rosa Nepomuceno, autora de
"Viagem ao Fabuloso Mundo
das Especiarias" (ed. José
Olympio), a odontologia o emprega em bochechos e no alívio
da dor de dente, e é usado também contra cólicas digestivas,
gases e diarréia.
Teste de qualidade
Para testar a qualidade dos
cravos, coloque um ou dois na
água. Se flutuarem na vertical,
estão excelentes. Caso contrário, já perderam suas propriedades. Por ser menos perecível,
dê preferência ao cravo inteiro,
que dura até um ano quando é
protegido do sol.
Texto Anterior: Pergunte aqui Próximo Texto: Arroz indiano Índice
|