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S.O.S Família
Celular na escola
Todos os pais com filhos na escola têm anseios e expectativas.
Eles querem que, lá,
seus filhos adquiram conhecimentos, que consigam ter contato com hábitos de vida novos
e mais saudáveis, que aprendam a se concentrar nos estudos, que se relacionem com
seus colegas de modo respeitoso e, de quebra, que se divirtam.
Quase todas as aspirações
dos pais são legítimas e podem
ser proporcionadas pela escola.
Mas ela precisa de condições
mínimas para conseguir dar
conta de sua tarefa. A primeira
e mais importante delas é que
os pais deleguem a função educativa à escola com confiança.
A segunda condição é que os
pais procurem não atrapalhar o
trabalho cotidiano da escola
com seus alunos. Não é preciso
muito para isso: basta, ao enviar o filho à escola, deixar explicitado que há objetivos precisos a serem buscados e alcançados em sua vida de estudante.
Isso significa demonstrar
consideração em relação às
normas que a escola impõe e
que existem para dar condições
ao bom andamento de seus trabalhos e, principalmente, acatá-las. O respeito aos horários
do início e do final das aulas é
um bom exemplo.
Quero conversar novamente
sobre um modo de proceder
dos pais que segue em sentido
oposto a essas duas condições.
Vamos tratar do uso de celular
por crianças e adolescentes na
escola. Para isso, não vou discutir as razões dos pais para permitir que os filhos usem o aparelho. Vou apenas refletir sobre
o quanto esse hábito atrapalha
o percurso na escola.
O tempo passado na escola
não é grande. Em geral, são menos de cinco horas destinadas a
múltiplos aprendizados. A escola, nesse período, precisa ensinar seus alunos a conviverem
com seus pares e com os professores e a se concentrarem para
aprender o que não sabem. E
essa tarefa não é algo que as
crianças realizem com muita
facilidade. Os processos envolvidos no ato de se debruçar sobre o desconhecido são complexos e incluem angústia, resistência, insegurança e receio.
Para superar essa hesitação
inicial, o aluno precisa usar sua
coragem, sua determinação e
sua energia. E isso só é possível
se o aluno consegue superar,
com a ajuda dos professores, as
estratégias sedutoras que tentam livrá-lo desse árduo -mas
necessário- trabalho.
Precisar ir ao banheiro no período da aula, ter sede, fome ou
sono, lembrar-se de algo que
deixou de fazer ou ter uma urgência qualquer são exemplos
dessas estratégias de evitação
que surgem comumente nos
alunos e que os professores conhecem bem de perto.
Trabalhar com seus alunos
para que eles as superem já é tarefa difícil. Imaginem os pais o
que significa para o professor
ter de descentrar seus alunos
desse aparelho tecnológico tão
sedutor que é o telefone celular
para que ele invista tudo o que
pode na difícil tarefa de aprender. Vamos convir: essa é uma
batalha quase perdida. Por isso,
permitir ou recomendar que o
filho leve o celular para a escola
é atrapalhar a criança e o trabalho dos professores.
Além disso, mesmo que utilizado apenas no horário de recreio, o telefone é prejudicial
porque permite às crianças e
aos jovens que não se relacionem com os colegas com quem
compartilham o mesmo espaço
e tempo. Ao usar o celular para
se comunicar com alguém de
fora do contexto escolar, eles se
ausentam e não aprendem a
conviver de modo respeitoso.
Os pais querem muito que
seus filhos desfrutem o melhor
da escola. Mas eles precisam
colaborar para que isso possa
ocorrer. Então, que tal fazer
seu filho deixar o celular em casa? Esse esforço dos pais pode
ter mais valor para a vida escolar do filho do que sentar com
ele para fazer a lição de casa.
[...] Ao usar o celular para se comunicar com alguém de fora da escola, o aluno se ausenta e não aprende a conviver
ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como
Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha)
roselysayao@folhasp.com.br
blogdaroselysayao.blog.uol.com.br
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