São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2010
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Peguei na 'mão de Deus' e não senti nada

DE SÃO PAULO

Já que as chamadas drogas digitais não constam de nenhuma lista de substâncias ilícitas -até porque não são "substâncias"-, acho que é meu dever, como repórter, experimentar uma dose.
"Dever" talvez seja exagero: é a curiosidade mesmo que me leva a provar a coisa. Tomara que, diferentemente do que reza o ditado popular, curiosidade não mate.
Escolho a dose "Hand of God", que, segundo os comentários no site, proporciona "a sensação de estar fora do próprio corpo".
Sento numa poltrona, apago as luzes do quarto e plugo os fones de ouvido no iPod. Cumpro exatamente as instruções do site-traficante: fecho os olhos e tento, por 20 minutos, me concentrar apenas naquele som.
Mas o que escuto é um zumbido que, até a metade da faixa, não parece variar de tom. Meus ouvidos logo começam a se acostumar.
A partir da segunda metade da faixa, o barulho cresce e fica semelhante ao de um avião que vai acelerando para decolar.
É aí que o coração dá uma leve disparada, mas a mente continua alerta, consciente de tudo ao redor. Nada de sair fora do corpo, nenhuma sensação de levitar e nem uma visão caleidoscópica, típica de algum filme experimental dos anos 1960.
Sem mais nem menos, a dose acaba: o som é cortado abruptamente e o silêncio volta a tomar conta.
Segurei na mão de Deus e não senti nada, nem mesmo uma tontura. Só espero que a tal "Hand of God" não seja como o LSD que, segundo os especialistas, às vezes causa efeitos na forma de "flashback": aparecem dias depois do uso, nas horas mais erradas. (GG)


Texto Anterior: Pura viagem
Próximo Texto: Droga, Beatles e Mozart
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.