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São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 2003
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Câncer infantil é diferente da doença no adulto

Marcelo Barabani/Folha Imagem
Brinquedoteca da ONG Graacc, Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer


Tanto o diagnóstico como o tratamento da doença em criança são realizados de maneira distinta aos aplicados em adultos. "A diferença é tanta que podemos dizer até que se tratam de doenças diferentes", diz Sima Ferman, chefe do departamento de pediatria do Inca (Instituto Nacional do Câncer).
A distinção começa no desenvolvimento. O câncer no adulto normalmente está associado ao ambiente, pois as células foram "bombardeadas" com produtos químicos -como cigarro-, raios X, raios ultravioleta e infecções virais, entre outros. Já na criança, as células estão em crescimento, o que pode causar erro de formação, ou o câncer pode ser congênito, desenvolvido na formação intra-uterina, diz José Marcus Rotta, presidente da Sociedade Brasileira de Neuroncologia. E é exatamente porque as células estão em desenvolvimento, diz Rotta, que o câncer se desenvolve mais rápido em crianças. "A resposta ao tratamento também é mais rápida, pois o organismo da criança suporta doses mais altas de medicamento e radiação."
Contudo a maior dificuldade para o sucesso de um tratamento é conseguir o diagnóstico precoce. O tumor infantil, em geral, é profundo, não sangra e é confundido com sintomas de doenças benignas, como cachumba e parasitose intestinal.
O dentista Marcos Fernando dos Santos, 28, foi gravemente prejudicado pelo diagnóstico tardio. "Quando era adolescente, passei um ano tentando descobrir qual o problema que deixava minha perna permanentemente inchada e dolorida. Nenhum médico cogitou a possibilidade de um câncer ósseo. Quando descobriram, a única alternativa foi a amputação."
Já a estudante Jaqueline Cunha do Nascimento, 17, passou por uma cirurgia de retirada de três nódulos no pulmão rápida e sem complicações devido ao diagnóstico precoce de metástase.
Natália Rodrigues Silva, 17, é outra ex-paciente que se beneficiou do diagnóstico precoce. "Estava na casa de minha avó, três anos atrás, quando passei mal. No dia seguinte, fui ao médico e fiz o exame de sangue. Poucos dias depois, comecei a fazer o tratamento para a leucemia." Hoje, ela se prepara para cursar biomedicina.
"Mais de 30% dos pacientes que dão entrada com tumores pediátricos ósseos no Brasil já têm algum tipo de metástase", diz Antônio Sérgio Petrilli.
Os especialistas orientam os pais a ficarem atentos a problemas que podem indicar o câncer, como dor nos ossos, febre, dor de cabeça e enjôo constantes, perda do equilíbrio e das funções cognitivas, pupila esbranquiçada e alteração da visão, aumento do volume de qualquer parte do corpo, caroços e gânglios inchados, entre outros. "Como são sintomas parecidos com os de qualquer doença, os pais não devem se alarmar a qualquer dor de cabeça ou enjôo, porém, se persistirem mais tempo do que uma doença comum, um médico deve ser consultado", diz Ferman.


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