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firme e forte
Dança tribal relaxa e queima calorias
ARLETE MENDES DE SOUZA
FREE LANCE PARA A FOLHA
Eles não fizeram balé clássico na infância nem jazz na adolescência. Estão longe de
ter corpo e graça de bailarinos, mas lotam estúdios de dança e não se envergonham
de mostrar os passos aprendidos em parques e praças. Sem ambição de virar pé-de-valsa, a nova leva de alunos procura a dança por motivos bem heterodoxos: aliviar o estresse, vencer a timidez, curar enxaqueca, depressão, problemas gastrointestinais ou, simplesmente, manter o corpo em movimento. O Estúdio A&B, na Vila Madalena, foi um
dos primeiros a trazer para as salas de balé alunos pouco familiarizados com as técnicas
de expressão corporal. Há sete anos, aulas de danças
folclóricas reúnem um público eclético, com idades,
profissões e biótipos distintos. Os cursos são ministradas pelos terapeutas André Trindade e Betty Gervitz e
não têm duração predeterminada.
Os alunos aprendem passos de danças típicas da Espanha, da Índia, do Marrocos, da Grécia e até do Iêmen.
Essas danças foram pesquisadas por Trindade e Gervitz
em viagens feitas ao longo de 14 anos. "Escolhemos ensinar danças étnicas porque elas podem ser acompanhadas por qualquer um, sem necessidade de talento especial. Os alunos podem ser magros, gordos, baixos, altos,
jovens, crianças ou velhos", explica Trindade.
Os professores iniciam a atividade com técnicas de
aquecimento e alongamento. Depois, é só se deixar envolver pelos ritmos folclóricos e pelas danças de roda.
Embora a queima de calorias não seja o objetivo principal da dança étnica, a movimentação constante ajuda a
perder peso. "A dança é uma atividade aeróbica, como a
ginástica ou natação, que repete movimentos com frequência." Segundo Trindade, os 90 minutos de aula
equivalem a uma caminhada de duas horas. Mas a dança étnica não tem como prioridade o emagrecimento.
"Propomos uma atividade física com prazer, sem o mecanicismo da academia. Lá, o aluno faz esteira ao mesmo tempo em que lê jornal ou olha para a parede. É tudo
automático, não há envolvimento com o exercício." Já
na dança étnica, os professores exigem que o aluno entre
em contato com as sensações do corpo em movimento,
como calor e cansaço. "A dança ajuda a superar a timidez e cria uma relação positiva com o corpo, reconhecendo e valorizando a a sensualidade de cada um."
Outra saída para quem quer dançar sem se preocupar
com a performance é o curso de danças circulares sagradas, promovido pelo Sesc Pinheiros. A professora Patrícia Tolentino conta que as danças sagradas surgiram
durante o pós-guerra, na comunidade escocesa de
Findhorn, por iniciativa do coreógrafo alemão Bernard
Wosien. "Ele acreditava que a dança e o canto eram a
melhor forma para alcançar a paz", explica. Mas não
bastava dançar: era preciso resgatar tradições de várias
etnias. "Ao conhecer e viver o sagrado de cada tradição,
o homem aprenderia a respeitar os outros, independentemente de crença, posição social e idade. Por isso não
há barreira a nenhum participante. Queremos a diversidade", explica Patrícia.
Antes da aula, o grupo medita por cinco minutos,
sempre formando um círculo. "A roda é uma das primeiras formas geométricas do mundo, e, ao participar
dela, o indivíduo se sente parte do todo." Para a professora, a dança reforça o sentimento de grupo, libera o estresse e aumenta a criatividade. A coreografia não importa tanto, e o erro é bem-vindo. "O que vale é experimentar o sentimento que a música sugere. Quanto mais
se repete, melhor se vivencia a dança."
O descompromisso com a performance e a aceitação
de todo tipo de aluno são apontados pelos professores
como razões do sucesso da dança folclórica. "As pessoas
querem escapar dos rótulos, da necessidade de corresponder em beleza e estética", diz Trindade. "Os brasileiros aceitam facilmente a limitação intelectual, de aprender uma língua, por exemplo, mas não lidam bem com
erros ou imperfeições do nosso corpo."
ONDE DANÇAR
Estúdio A&B:
rua Fidalga,
346 (tel. 0/xx/11/212-3938).
Preços: R$ 145
(uma aula semanal) e R$
190 (a semana
inteira)
Sesc Pinheiros:
av. Rebouças,
2.876 (tel. 0/xx/11/815-3999).
Preços: R$ 15
(idosos), R$ 25
(comerciários)
e R$ 50 (geral)
Colmeia: rua
Marina Cintra,
97 (tel. 0/xx/11/852-2258)
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