São Paulo, quinta-feira, 31 de agosto de 2006
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fitness

Companhia para correr

Novidade em academias do Rio e de São Paulo, "running class" propõe corrida em grupo nas esteiras

CRISTINA TARDÁGUILA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Imagine uma aula de "spinning" em que, no lugar das tradicionais bicicletas e pedaladas ritmadas, haja esteiras supermodernas e muita corrida. Essa é a proposta da "running class", nova modalidade que atrai, nas academias do Rio e de São Paulo, adeptos em busca do fôlego necessário para depois correr na praia ou nos parques.
"No terceiro dia de aula, qualquer um, por mais "paradão" que seja ou esteja, conseguirá fazer a aula toda, correr os 45 minutos. Claro que no seu ritmo, mas já estará correndo. A aula é muito motivadora e até eleva a auto-estima do aluno. Quem pensou que nunca correria na vida se supera e corre", diz Gustavo Taveira, professor de educação física da academia Rio Sport Center Recreio.
Segundo ele, a "running class" aposta em transformar a esteira, normalmente monótona e pouco exigente, em algo divertido e mais puxado. A aula, que deve ser feita três vezes por semana, começa com uma caminhada ou um trote de aproximadamente dez minutos e acaba com um alongamento na própria esteira.
Durante o percurso, o professor "brinca" com a velocidade, que varia entre 8 km/h e 15 km/h, e com a inclinação do aparelho, que simula subidas de vários tipos.
"É uma aula que pode ser feita por qualquer um que tenha passado pela avaliação física da academia. Tem gente de 15 anos e de 60 anos vindo aqui. Eu sempre fico de olho na freqüência cardíaca deles e não deixo ir abaixo de 60% nem acima de 85%. Meu trabalho se baseia na "percepção do esforço". Não exijo de ninguém o que a pessoa não pode dar", explica.
Quem pratica corrida fortalece, sobretudo, os músculos inferiores e melhora a condição cardiovascular. De quebra, perde alguns quilos. Dependendo do nível de esforço e do perfil da pessoa, são gastas entre 300 e 700 calorias por aula, mais do que no "spinning". A explicação, segundo os professores, é que, na esteira, há mais grupos musculares ativos.
Além da animação garantida pela prática de exercício em grupo, para quem está começando, correr na esteira protege as articulações porque o aparelho absorve o impacto.
O DJ e produtor musical Carlos Lago da Costa, 28, aderiu à aula de corrida na esteira há três meses e conta, orgulhoso, que já é capaz de fazer tudo o que o professor manda. "No primeiro dia, eu pensei: "Não vou conseguir. Sou um homem que aperta botões e que só corre para pegar ônibus". Mas, depois de um mês de dedicação, parei de ter de fingir que não escutava o professor e de fazer mutreta para diminuir a velocidade e a inclinação", conta.
O empresário Sérgio Fayne, 59, é o mais velho da turma da academia A! Body Tech Gávea, mas não fica atrás. "Começo a 9 km/h e chego a 14 km/h. Corro o tempo todo, acompanhando o pessoal que tem, em média, 30 anos", diz. Depois de sofrer uma inflamação no púbis por correr muito na rua, Fayne ouviu de seu médico a recomendação de passar a usar a esteira, em que o impacto do exercício é muito menor. Hoje, está bem e já alterna a esteira com a rua.
O diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Roberto Esporcatte, lembra a importância de passar por uma boa avaliação física antes de aderir à nova modalidade. "Quem tem mais de 40 anos deve realizar um teste ergométrico, e todos precisam usar tênis com calcanhar mais elevado e com absorção de impacto para evitar dores articulares", explica.
Segundo ele, o coração não é a única parte do corpo que agradece o esforço da corrida. "A atividade física controla a pressão arterial e ajuda a diminuir a glicose, os triglicérides e o peso." Na comparação com o "spinning", o cardiologista não hesita: fica com a esteira. "Todo mundo aprende a andar e a correr antes de pedalar. É um exercício mais natural, mais fisiológico e mais simples."
O preço da "running class" está incluído no valor da mensalidade das academias.

[...] Dependendo do nível de esforço, são gastas entre 300 e 700 calorias por aula


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