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Desenvolvimento de Libra não deve sofrer com queda do preço
Receitas devem ser menores que as previstas, mas interesse estratégico chinês deve garantir a demanda
Estimativa é que valor do petróleo caia dos atuais até US$ 100 por barril para um patamar entre US$ 60 e US$ 70
A tendência de queda do preço do petróleo nos próximos anos não vai interferir no desenvolvimento do campo de Libra, avaliam analistas, principalmente levando em conta que a China é a franca favorita a ficar com as reservas do pré-sal, em parceria com a Petrobras.
"Libra vai render bem menos do que se projeta hoje. Mas os chineses não estão nem um pouco preocupados com isso, eles querem óleo", avalia o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura Adriano Pires.
Foram os altos preços depois da guerra do Iraque, em 2003, que viabilizaram a descoberta do pré-sal. A expectativa de uma receita cerca de três vezes maior, com a disparada do preço do patamar de US$ 35 o barril para US$ 100, permitiu que a Petrobras conseguisse desenvolver as gigantescas reservas, que hoje já garantem 15% da produção (300 mil barris/dia).
A tendência é que esse preço aos poucos perca força e caia do patamar entre US$ 80 e US$ 100 o barril que perdurou por décadas. Não se cogita a volta para os US$ 35 de antes da guerra do Iraque, mas projeta-se algo em torno dos US$ 60/US$ 70 o barril.
Há pelo menos três motivos para a queda do preço: mais oferta de petróleo no mundo, como os gigantescos campos do pré-sal brasileiro, queda do preço da energia nos EUA por causa do gás de xisto e a falta de conflitos em áreas produtoras.
Para o economista-chefe da SLW Corretora Pedro Galdi, a demanda será o gatilho para a variação do preço da commodity nos próximos anos, principalmente por causa da China.
"O petróleo oscila muito em função de demanda e conflitos. Apesar da primavera árabe, as coisas não estão caminhando para o lado ruim no Oriente Médio e o preço do petróleo tente a recuar", diz.
Em um paralelo com o preço do minério de ferro, Galdi explica que bastou a siderurgia chinesa pisar no freio para o valor do minério despencar, e se recuperar quando a China voltou a comprar. "Com o petróleo será o mesmo, a demanda é que vai ditar o preço. Deve cair, mas o grau é imprevisível."