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Despedida

Sócrates é enterrado sob aplausos e hinos do Botafogo-SP e do Corinthians

ELIDA OLIVEIRA
LEANDRO MARTINS
DE RIBEIRÃO PRETO
DE SÃO PAULO

Sob aplausos e com os hinos do Corinthians e do Botafogo de Ribeirão Preto cantados por torcedores, o ex-jogador Sócrates foi enterrado na tarde de ontem, às 17h30.

O capitão da seleção brasileira de 1982 foi vítima de um choque séptico, que ocorre quando bactérias de uma infecção caem na corrente sanguínea e correm pelo corpo.

Ele morreu na madrugada de ontem. Era a sua terceira internação em quatro meses.

O enterro ocorreu no cemitério Bom Pastor, em Ribeirão Preto, onde também está o corpo do pai do ex-jogador, Raimundo Vieira, e foi acompanhado por uma multidão.

Com camisetas e bandeiras do Corinthians, torcedores do time deixaram de assistir à final do Brasileiro para prestar homenagens ao ídolo. Sócrates foi enterrado com uma faixa branca na cabeça, adereço que costumava usar.

Torcedores com rádios de pilha acompanhavam à final no Pacaembu -quando o cortejo com o caixão saiu à rua, o Corinthians já jogava.

Ex-atletas, como Zetti e Wladimir, um dos líderes da "Democracia Corinthiana", como Sócrates, políticos e amigos estiveram no cortejo.

Após o sepultamento, o ex-jogador Raí, irmão do ídolo do Corinthians, falou sobre a relação entre os dois.

"A gente tem 11 anos de diferença, então ele se tornou um ídolo para mim. Era um privilégio tê-lo em casa como companheiro", declarou.

Já Sófocles, também irmão de Sócrates, disse que a imagem que fica para ele é do jogador antes da fama. "Era um irmão querido que teve um importante legado como jogador e líder político", disse.

A viúva de Sócrates, Kátia Bagnarelli, não compareceu ao enterro. Em São Paulo, ela criticou a decisão da família de levar o corpo a Ribeirão e prometeu uma festa na capital paulista em homenagem ao marido nesta semana.

Antes do enterro, o corpo de Sócrates foi velado por quase três horas em uma cerimônia aberta ao público, que formou fila.

Neste ano, ele havia sido internado pela primeira vez na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), em São Paulo, em 19 de agosto, com um sangramento no sistema digestivo.

O problema, segundo o próprio ex-jogador, foi causado pelo consumo prolongado de álcool durante a vida.

Ele nunca negou que fosse um amante da bebida, mas declarou que não tinha dependência química. Também disse que já havia parado de beber antes da internação.

Após oito dias, recebeu alta, mas voltou ao hospital em setembro, com novos sangramentos, mais intensos.

Os médicos tentaram conter a hemorragia com o uso de um balão gástrico, um procedimento que é usado em situações de emergência.

Após 17 dias internado, Sócrates teve alta de novo e começou um tratamento em casa que incluía sessões de fisioterapia e dieta controlada.

Com o fígado debilitado por cirrose, ele passava por um período de recuperação de seis meses, após o qual os médicos avaliariam a necessidade de transplante.

O ex-atleta esperava se recuperar e não precisar ser submetido à cirurgia.

Porém, na última quinta, ele voltou a ser internado com uma infecção, agravada por seu estado de saúde debilitado, e não resistiu.

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