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Análise

Falta de dados cria frota fantasma e dificulta planejamento

(EDUARDO SODRÉ) EDITOR-ADJUNTO DE "VEÍCULOS"

O Fiat Tipo ano 1995 da biomédica Claudia Ociscki, 52, está parado em uma oficina na Aclimação há cinco anos. O serviço --reparos na lataria após um acidente-- nunca foi executado.

Ela, que também é dona de um Renault Logan 2013, afirma que teve problemas com o funileiro e já não sabe o que fazer com o carro mais velho.

O cadastro do automóvel de Claudia continua ativo, embora ela não tenha pago encargos como IPVA ou seguro obrigatório desde que o veículo foi encostado. É mais um "fantasma" entre os 7,5 milhões de carros registrados na cidade de São Paulo.

Esse é um exemplo real de um dos problemas que atrapalham a elaboração de um plano viável de mobilidade urbana e rodoviária: o desconhecimento de quantos carros há em circulação no país.

Milhares de automóveis deixam as ruas todos os anos. Contudo, os registros são subdimensionados, pois boa parte dos proprietários de carros fora de circulação não cumprem os procedimentos legais, que por vezes desconhecem.

Alguns motoristas só descobrem que um carro que já virou sucata continua a gerar tributos quando seu nome é incluído na dívida ativa do Estado.

De acordo com o Detran, o número de baixas no registro de veículos no Estado de São Paulo chegou a 99,7 mil carros entre janeiro e outubro deste ano. A grande maioria era composta por modelos que sofreram perda total em acidentes. Quem fez o pedido de retirada do sistema foi a companhia seguradora.

Contudo, o número de veículos cobertos por uma apólice de seguro no Brasil corresponde a 25% da frota, de acordo com dados da Fenseg (Federação Nacional de Seguros Gerais).

Se os carros que deixaram de constar no sistema do Detran são predominantemente fruto de um comunicado feito por uma empresa seguradora, e, se a maior parte dos veículos em circulação não possui qualquer tipo de cobertura, conclui-se que o número de baixas registradas é bem menor que o real.

Esse desconhecimento dificulta a implementação de planos de renovação de frota (que reduziria o número de quebras e acidentes e a emissão de poluentes) e dá uma visão distorcida do potencial de trânsito nas metrópoles.

No caso de São Paulo, a CET estima que cerca de 3,5 milhões de veículos rodem pela capital diariamente. Contudo, não se sabe ao certo quais são esses carros.

Como há muitos veículos fora de circulação que permanecem registrados, a idade da frota tende a parecer maior do que realmente é.

Ou seja: o Renault Logan 2013 de Claudia tem o mesmo valor, para as estatísticas oficiais, que o Fiat Tipo 1995 encostado na oficina.

Se a biomédica resolver dar baixa definitiva no carro mais velho, será preciso emitir um laudo mostrando que o veículo não tem mais condições de rodar, anexar uma série documentos e entregá-los no Detran. O processo é burocrático, mas não complicado.

Contudo, é preciso pagar as taxas pendentes --incluindo multas e impostos em atraso-- para que o processo seja concluído. E, quando o carro já virou sucata, esses gastos ultrapassam seu valor.

Isso afasta ainda mais os motoristas da solução do problema, o que gera ainda mais despesas com o passar dos anos.


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