Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Especial

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Industriais recorrem ao crédito pessoal

Quase 40% dos pequenos empresários do setor usam formas alternativas de empréstimo para capital de giro

Contabilidade pouco organizada dificulta crédito em bancos; linhas para pessoa física têm taxas maiores

RICARDO BUNDUKY DE SÃO PAULO

Quatro em cada dez micro e pequenos empresários do setor de indústria de São Paulo recorrem a formas alternativas de crédito, como pedir dinheiro a parentes ou fazer empréstimos pessoais no banco, na hora de ter capital de giro para o negócio.

O problema é que, em geral, fazer um financiamento pessoal implica arcar com juros maiores e prazos menores do que aquelas oferecidas nas linhas de crédito voltadas à pessoa jurídica.

Os dados são de pesquisa divulgada pelo Simpi (Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo) neste mês, feita com 3.696 empresários.

Para 13% deles, o crédito para o dia a dia da operação vem de recursos de parentes e amigos.

Outros 12% fazem empréstimos para pessoa física. O cheque especial é a opção para 10% e outras empresas ou pessoas que fornecem empréstimos são a alternativa de 4% dos entrevistados.

O empresário Erisvaldo Soares, 45, dono da fábrica de manequins Artviva, conta que, nos primeiros cinco anos da fábrica de manequins, recorreu a amigos e parentes para obter capital. "Minha mãe me ajudou até com a aposentadoria dela."

Soares conta que recorria a esses artifícios porque tinha dificuldades para conseguir empréstimos nos bancos em razão da falta de histórico do negócio.

José Pereira da Silva, professor da Fundação Getulio Vargas, diz que um dos motivos de as empresas terem de recorrer a essas formas alternativas é não ter uma contabilidade estruturada.

Sem acesso a informações financeiras completas sobre o negócio para analisar a capacidade de pagamento do financiamento, os bancos acabam pedindo garantias reais, como imóveis, para concedê-lo. "E a empresa pequena não tem essa garantia pra oferecer", afirma.

Segundo ele, o empréstimo para pessoa física, além de ter juros mais elevados que o crédito para pessoa jurídica, pode dificultar a avaliação dos resultados da empresa.

"Quando você mistura o patrimônio da empresa com o do sócio, não sabe onde fica a fronteira", diz Silva.

PASSAR O CARTÃO

Também é comum que o empresário recorra ao cartão de crédito, constata Celso Grisi, professor da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras). "Claro que ele tenta não rodar essa fatura porque são os juros mais caros do mercado", afirma.

Da mesma forma, o cheque especial só deve ser utilizado em casos emergenciais, quando há expectativa de cobertura em poucos dias.

Soares, da Artviva, depois de conseguir grandes clientes, que servem de referência para os bancos, hoje consegue captar recursos do BNDES e crédito empresarial em bancos privados.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página