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Para paulistano, poluição é o que mais preocupa na cidade e no país

Contaminação do ar é vista como problema ambiental maior que saneamento básico e lixo, revela Datafolha

MARCELO LEITE DE SÃO PAULO

A paisagem do imaginário paulistano sobre a preservação ambiental delineada pela pesquisa Datafolha apresenta meia floresta derrubada e meia floresta em pé. Um pouco mais derrubada que em pé, a julgar pela nota vermelha que lhe atribui (4,1).

A boa nova é que os moradores da metrópole já se dão conta de que o ambiente não é só a natureza distante, mas a cidade inviável que os cerca. Além disso, eles se dizem dispostos a pôr a mão no bolso para melhorar a situação.

Para os paulistanos é a poluição, e não a Amazônia, o principal problema ambiental do país (32%) e o de São Paulo (41%). Na opinião da maioria, a contaminação aumentou (81%) ou ficou igual (15%) na metrópole. Daí a avaliação ainda pior do ambiente urbano: 3,6.

A notícia que não é boa nem nova é que a imagem do ambiente ainda comporta muita inconsistência e desacerto. As convicções dos paulistanos nem sempre se alinham com as suas prioridades.

ÁGUAS TURVAS

É desconcertante, por exemplo, que em meio à maior crise de abastecimento de água em décadas, o lixo venha antes do saneamento básico como principal problema da cidade (16% a 14%). Melhor dizendo, empatado, pois a margem de erro da pesquisa com 825 entrevistados é de três pontos percentuais.

Seria de esperar que surgisse na dianteira -35% declaram já sofrer interrupções no fornecimento de água.

Por outro lado, há uma inversão quando a pergunta é pela primeira providência a tomar pelo ambiente: 24% indicam investir em saneamento básico, água incluída. Estimular fontes não poluentes de energia (13%) e despoluir rios (12%) ficam, porém, num distante segundo pelotão.

Também preocupa a falta de clareza quanto à responsabilidade pelo risco de faltar água na região metropolitana. Embora o governo estadual apareça corretamente com 73%, está tecnicamente empatado com a própria população (70%) e os governos federal (69%) e municipal (68%).

CLIMA E FLORESTAS

Não sumiram do radar do paulistano, contudo, a Amazônia e a mudança do clima (pois o desmatamento é uma das principais fontes de gases do efeito estufa no Brasil). Mas a paisagem é nebulosa.

Se a destruição de florestas aparece em segundo lugar (19%) como principal problema ambiental, o clima é relegado a um rodapé de 2%. E com o aquecimento global cravando um reles 1% na companhia da falta de chuvas.

Isso apesar de o aumento do efeito estufa ser do conhecimento de 96% dos entrevistados. E de a maioria dizer que seus efeitos são preocupantes para o planeta (88%), para os brasileiros (85%) e para sua própria vida (81%).

Em contraste, nada menos que 69% dos ouvidos se declaram dispostos a pagar mais na conta de luz por fontes de energia que não agravem o aquecimento global. Parece um campo inesperado para a introdução de um imposto ambiental, mas cabe tomar o resultado com um grão de sal -é óbvio que um aumento de tarifa provocaria faíscas.

ÍNDIOS E ONGS

A maioria dos paulistanos (53%) ainda confia que novas leis sejam necessárias para o ambiente. Mas não necessariamente suficientes: 40% dizem que o país tem boa legislação, só que não é aplicada.

A mais nova e famigerada lei ambiental do país é o Código Florestal. O paulistano tem noção do lado para o qual ele pende: o agronegócio, não as florestas (44%); 31% o têm como equilibrado, e 9% dizem que privilegia as matas.

Diante disso, é natural que os entrevistados culpem os políticos pelo desmatamento, depois dos madeireiros (72%): 66% atribuem muita responsabilidade ao Congresso, e 65% ao governo federal. Os fazendeiros se saem melhor, indigitados por 57%.

É intrigante, porém, que um quarto da população diga que ONGs ambientais (27%) e índios (26%) tenham muita responsabilidade. Só uma minoria (24% e 40%, respectivamente) os isenta de qualquer papel na destruição florestal.


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