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Institutos de pesquisa sofrem críticas

Diferenças entre levantamentos da véspera da eleição e resultados apurados pelo TSE geraram reclamações de políticos

Pesquisadores dizem que números acertaram ao indicar tendências e não podem ser usados para fazer previsões

RICARDO MENDONÇA ÉRICA FRAGA DE SÃO PAULO

Os institutos de pesquisa voltaram a sofrer críticas nos últimos dias por causa das diferenças entre os números dos levantamentos concluídos e divulgados na véspera da eleição e os resultados da apuração do domingo.

Um exemplo é o desempenho do tucano Aécio Neves na corrida pela Presidência. Um dia antes da eleição, o Datafolha dizia que ele tinha 26%, com dois pontos de margem de erro. O Ibope o mostrava com 27%. Aécio teve 34%.

Embora isso possa soar estranho para alguns, diferenças como essas não representam erros de previsão dos institutos. Por uma razão simples: levantamentos divulgado na véspera não têm a função de antecipar resultados.

"O objetivo da pesquisa é contar a história da eleição até a manhã do sábado", afirma o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino.

Isso não pode ser confundido com tentativa de previsão, diz, porque entre as entrevistas com os eleitores --a maior parte delas na sexta, antevéspera da eleição-- e o instante do voto, mudanças relevantes podem acontecer, eventos imprevistos podem surgir, tendências de mudança de voto podem se acelerar.

A diretora do Ibope, Márcia Cavallari, usa argumentos parecidos: "O que se divulga representa sempre o momento para trás, não para frente", diz ela. "A coisa não é estática, é dinâmica. E sabemos que o eleitor decide cada vez mais tarde. Um percentual significativo resolve o voto ou muda de última hora."

Na eleição presidencial, pelo menos outros dois fatores ajudam a explicar as diferenças entre as pesquisas divulgadas na véspera e os resultados. O primeiro é a troca de ideias entre amigos e familiares, que vai se intensificando com a proximidade do pleito.

Nesse caso, a continuidade da repercussão do debate da TV Globo na quinta à noite pode ter feito diferença.

O programa foi visto por 60 milhões de eleitores. E Aécio, como mostrou o próprio Datafolha, teve um desempenho notadamente melhor que o da rival Marina Silva (PSB).

Isso foi assunto na sexta, no sábado e pode ter influenciado trocas de última hora.

O segundo fator é a própria repercussão do resultado da pesquisa da véspera nos telejornais da noite de sábado e nos jornais de domingo.

A pesquisa de véspera, o principal assunto do noticiário anterior ao início da eleição, já mostrava a virada de Aécio com consistente tendência de ascensão. Não é errado supor, portanto, que isso tenha acelerado ainda o fluxo de transferência de voto entre os eleitores que rejeitam Dilma Rousseff (PT).

O fenômeno também ocorreu em alguns Estados. A liderança de José Ivo Sartori (PMDB) no Rio Grande do Sul, a ausência de Anthony Garotinho (PR) no segundo turno do Rio e a vitória de Rui Costa (PT) no primeiro turno na Bahia não apareceram em algumas pesquisas da véspera.

Mas as tendências que levaram a todos esses eventos haviam sido captadas.

Em São Paulo, a diferença gerou protestos do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT), que teve 18% dos votos para governador, três pontos a mais que o registrado no Datafolha de véspera, considerando a margem de erro.

"Não vou falar que tem má-fé, mas é algo que tem que ser explicado, porque toda vez, a 12 horas da eleição, os institutos de pesquisas dão sete pontos a menos para o PT em São Paulo", disse Padilha.

BOCA DE URNA

Sobre as divergências das pesquisas boca de urna (aquelas feitas no próprio dia da eleição), Márcia admite que pode haver problemas de outra natureza.

Um deles seria um número maior de eleitores que recusam declarar o voto --o que pode contaminar o resultado final se esse tipo de comportamento for mais forte em determinados perfis.

Tem ainda a impossibilidade de o instituto saber se o entrevistado realmente conseguiu votar da forma como ele informa ao entrevistador. "Numa eleição com cinco disputas, de deputado estadual a presidente, isso pode fazer diferença", diz ela.

E mesmo sendo feita no dia da votação, a boca de urna tem limitação para captar alterações bruscas, afirma. Isso porque todas as entrevistas precisam ser feitas pela manhã, enquanto mudanças de opinião podem continuar em curso até as 17h.

O Datafolha não realiza pesquisa de boca de urna.


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