Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Eleições 2014
Polícia investiga dupla ligada ao PT
PF apreendeu R$ 116 mil que empresário e colaborador da campanha de Pimentel em MG traziam em avião que pousou em Brasília
Inquérito vai apurar origem do dinheiro e se há lavagem; Dilma disse que não se pode condenar sem provas
A Polícia Federal investiga um empresário ligado ao PT e um colaborador da campanha do partido em Minas Gerais por suspeita de lavagem de dinheiro.
Eles foram flagrados na noite desta terça-feira (7) ao descer de um avião em Brasília com ao menos R$ 116 mil em dinheiro vivo.
O inquérito foi aberto após eles, um terceiro passageiro, piloto e copiloto do avião serem levados para prestar esclarecimentos na superintendência da PF.
A polícia esperou o bimotor turboélice King Air C90A de prefixo PR-PEG, vindo de Belo Horizonte, no aeroporto de Brasília depois de ter recebido várias denúncias anônimas sobre o transporte irregular de valores.
Não é crime transportar qualquer quantidade de dinheiro no Brasil, desde que o portador tenha como explicar sua origem. Na avaliação da polícia, a explicação dos investigados não foi convincente. Por isso, a PF decidiu abrir investigação sobre a origem do dinheiro.
O órgão não detalhou o que foi dito nos depoimentos, mas reteve o dinheiro e liberou a aeronave.
A Folha, que revelou a apreensão na noite de terça, obteve com exclusividade fotos mostrando o embarque dos passageiros com malas em Belo Horizonte.
Uma das denúncias que chegou à Polícia Federal relatava o transporte de oito malas com o dinheiro.
O empresário levado a prestar esclarecimentos é figura conhecida no meio político. Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, esteve envolvido em 2010 no escândalo que derrubou assessores da pré-campanha de Dilma Rousseff à Presidência que produziam dossiês contra tucanos.
Bené, em depoimento à PF na época, confirmou ter sido o responsável por negociar o aluguel da casa, no Lago Sul, bairro nobre de Brasília. O caso provocou um terremoto político no PT e no governo, e os envolvidos acabaram todos afastados da campanha.
Bené tem relações com o governo federal. Uma de suas empresas, a Dialog, havia recebido aproximadamente R$ 200 milhões de contratos da União na época do caso dos dossiês.
Ele continuou seus negócios no governo Dilma: uma gráfica sua recebeu R$ 34 milhões entre 2011 e 2014.
Outro detido no aeroporto é Marcier Trombiere Moreira, ex-assessor do Ministério das Cidades --dominado pelo PP, partido aliado de Dilma.
Ele trabalhou na área de comunicação de Fernando Pimentel, que foi eleito governador de Minas pelo PT e escalado para reforçar a campanha da presidente no segundo turno.
Antes de ir para o ministério das Cidades, Mercier foi assessor de José Gomes Temporão no Ministério da Saúde, de 2007 a 2011.
DILMA PEDE PRUDÊNCIA
Na tarde desta quarta, em João Pessoa, a presidente Dilma se irritou ao ser questionada se poderia afastar Pimentel de sua campanha, dizendo que não iria condenar ninguém sem ter provas.
Indagada se confia no ex-ministro, disse: "Confio, sim. Acho que o Pimentel é pessoa interessantíssima, [para] que se pergunte se eu quero afastar ele da minha campanha. Por que? Por que foi o governador que derrotou [aliado de] Aécio Neves [em Minas Gerais]?".
O presidente do PT, Rui Falcão, disse que não dá para colocar a apreensão "na conta do PT" e comparou o caso com episódio parecido ocorrido com apoiador da campanha do deputado federal eleito Bruno Covas (PSDB).
Além de Bené e Marcier, a PF interrogou um terceiro passageiro, Pedro Medeiros, o piloto e o copiloto.
O bimotor pertence a empresa de Brasília, a Bridge Participações, desde 2013, conforme registro na Anac. A situação dele está regular.
Os cinco homens levados a prestar esclarecimentos foram liberados na noite de terça. Nenhum foi localizado para comentar o caso.