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Eleições 2014

Empreiteiras formaram cartel, dizem delatores

Paulo Roberto e Alberto Youssef afirmaram que empresas combinavam preços e dividiam licitações da Petrobras

Segundo doleiro, toda companhia de porte maior sabia que qualquer obra 'tinha que pagar pedágio'

FLÁVIO FERREIRA DE SÃO PAULO LEONARDO SOUZA SAMANTHA LIMA DO RIO

As empresas que participaram do esquema de corrupção na Petrobras também formaram um cartel para combinar preços e dividir licitações de obras da estatal, segundo o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa.

De acordo com o doleiro, as empresas definiam os ganhadores das licitações toda vez que um pacote de obras era lançado e o nome das empresas era submetido a Costa. Nesta etapa, as empresas já ficavam cientes da necessidade de pagar propina, segundo Youssef.

"Se ela [empresa] não pagasse, tinha ingerência política do próprio diretor e ela não fazia a obra", disse.

"Toda empresa de porte maior já sabia que qualquer obra que fosse fazer na área de abastecimento da Petrobras tinha que pagar o pedágio de 1%. E 1% também para a área de serviços e engenharia", completou.

Indagado pelo juiz Sergio Moro se essa condição era claramente apresentada às empresas, o doleiro foi enfático: "Era bem colocado, sim, muito bem colocado".

Youssef disse que em geral havia uma negociação para que o valor dos contratos chegasse bem próximo ao teto previsto nas regras da Petrobras.

O esquema também envolvia aditivos aos contratos, que podiam levar ao pagamento de propinas maiores, em valores correspondentes a percentuais de 2% a 5% dos negócios.

Em seu depoimento, Costa disse que tentou acabar com o cartel das empreiteiras, mas que não conseguiu devido ao pequeno número de construtoras com capacidade para realizar as obras de grande porte contratadas pela Petrobras.

"Eu tentei, mas me disseram que eu ia quebrar a cara", afirmou. Ele contou que a estatal de petróleo chegou a contratar algumas construtoras menores, mas que muitas faliram.

O ex-diretor disse acreditar que várias obras como hidrelétricas no Norte do país e a usina de Angra 3 tenham sido alvo da cartelização das empreiteiras.

Segundo ele, em todo o tempo em que esteve no comando da diretoria de Abastecimento, nenhuma empreiteira jamais deixou de pagar a propina. "Houve alguns atrasos, mas deixar de pagar, nunca deixaram".

Costa disse que as empreiteiras subornavam não só pelo receio de não trabalhar mais para a Petrobras, mas também pelo medo de sofrer retaliação em licitações do governo federal, como ministérios e secretarias.

"Então, se ela [empresa] deixa de contribuir com determinado partido naquele momento, isso ia refletir em outras obras, porque os partidos não iam olhar isso com muito bons olhos", afirmou.

DINHEIRO NO EXTERIOR

Os dois depoentes citaram mais de uma dezena de empreiteiras que teriam feito parte do esquema e mencionaram os nomes de seus contatos nas empresas.

Ao falar sobre a formação de cartel, Costa apontou as companhias Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, entre outras.

Youssef disse que Odebrechet, Sanko e Toyo Setal pagaram propina no exterior. Em delação, Costa reconheceu o recebimento de US$ 23 milhões na Suíça.


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