Eleições 2014
Candidatos divergem sobre combate à inflação
Dilma criticou o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga, indicado como futuro ministro pelo tucano, que lembrou elogios feitos a ele por Lula e Palocci
Presidente afirma que tucanos 'gostam de cortar empregos e salários' e vão 'entregar mesmo prato'
Tema recorrente desde o primeiro turno da eleição presidencial, a discussão sobre a volta da pressão inflacionária dominou um dos blocos do debate realizado na noite de terça-feira (14) pela TV Bandeirantes.
Ao questionar a presidente Dilma Rousseff (PT) sobre o tema, Aécio Neves (PSDB) citou o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, que, na semana passada, sugeriu que as pessoas troquem a carne bovina por frango e ovo para economizar, comentário classificado pela própria presidente como "infeliz".
Dilma rebateu a provocação dizendo que a inflação está controlada e dentro da meta, mas que ela sofre pressão de "eventos passageiros".
"Nós estamos vivendo um momento especial com choque tanto de alimento quanto de energia. Tenho certeza que até o fim do ano a inflação estará em 6,5%", disse. (1)
A meta de inflação fixada pelo governo é de 4,5% ao ano, mas a legislação prevê um limite de tolerância de até dois pontos percentuais para cima. No governo Dilma, a inflação ficou perto desse teto a maior parte do tempo.
Dilma lembrou que a inflação foi maior em 2002, (2) último ano do mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), quando atingiu 12,5%, mas Aécio atribuiu a culpa ao nervosismo que a eleição de Lula causou no mercado financeiro, o que fez a cotação do dólar disparar e alimentou a inflação.
Dilma fez críticas ao ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga, principal assessor econômico de Aécio e apontado como futuro ministro da Fazenda se ele vencer a eleição presidencial. Ela acusou os tucanos de promover políticas econômicas recessivas para combater a inflação.
"O senhor indicou para ser ministro da Fazenda um presidente do Banco Central que deixou duas vezes a inflação escapar do limite da meta", afirmou Dilma. "Como o senhor quer que eu acredite que, com a mesma receita, o mesmo cozinheiro, vocês não vão entregar o mesmo prato? Vocês gostam de cortar. Gostam de cortar empregos e salário."
Aécio lembrou que tanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto o ex-ministro Antonio Palocci fizeram elogios a Arminio no passado, especialmente por causa de sua colaboração na transição para o governo Lula.
Aécio aproveitou para alfinetar Dilma dizendo que a petista tem "um ministro da Fazenda demitido durante o mandato". Antes do primeiro turno, a presidente anunciou que, se for reeleita, Guido Mantega não continuará à frente da Fazenda.
Dilma fez várias críticas ao desempenho de Aécio como governador de Minas Gerais, Estado que ele governou de 2003 a 2010. A presidente lembrou que o tucano investiu menos em saúde do que o exigido dos governos estaduais pela legislação, no mínimo 12% das suas receitas.
O Tribunal de Contas do Estado liberou o governo do cumprimento dessa exigência até 2012 por causa da falta de definição legal sobre os investimentos que poderiam ser contabilizados para isso.
A campanha do PT quer desconstruir a imagem de bom gestor de Aécio, que saiu do governo mineiro com 92% de aprovação. Dilma deve continuar adotando essa linha nos próximos debates. No primeiro turno das eleições, o petista Fernando Pimentel se elegeu governador de Minas Gerais.