Governo tinha maioria para travar comissão
A CPI da Petrobras de 2009 foi criada para investigar uma manobra contábil que livrou a Petrobras de pagar impostos e diversas suspeitas sobre obras e patrocínios da estatal.
O senador oposicionista Álvaro Dias (PSDB-PR) foi autor do pedido de instalação da CPI. Com 8 das 11 cadeiras na comissão, o governo tinha o controle sobre os trabalhos.
A oposição protestou contra a atuação do governo, retirando-se da comissão cinco meses e 11 sessões após sua instalação, algo inédito até então na história do Senado.
"Não queremos ser coadjuvantes de um teatro de quinta categoria", disse Dias na época. Dos 88 requerimentos apresentados pelos senadores, 84 foram de Dias e do senador Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA). Os outros quatro foram assinados pelo presidente da comissão, o petista João Pedro (AM).
Criada em maio, a CPI só se reuniu para escolher relator e presidente dois meses depois. Os trabalhos começaram após o recesso de julho. Como relator, foi escolhido outro representante do governo, Romero Jucá (PMDB-RR).
Dois auditores do Tribunal de Contas da União foram ouvidos pela CPI e apontaram indícios de superfaturamento nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, a maior obra da Petrobras.
O relatório final de Jucá destaca um comentário feito por Sérgio Guerra durante um debate sobre os patrocínios concedidos pela estatal a festas de São João no Nordeste. Na época, a empresa negou atender pedidos de políticos.
"Não é verdade que não existam atendimentos a parlamentares ou políticos que façam indicações de patrocínios à Petrobras. Posso garantir que não é verdade, porque eu próprio participei disso. Já pedi patrocínio à Petrobras e obtive", disse Guerra.