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Ex-diretor da Petrobras diz que tucano cobrou R$ 10 milhões
Propina foi paga a Sérgio Guerra por construtora em 2010, afirma Paulo Roberto Costa em depoimento
Objetivo era esvaziar CPI sobre a estatal, diz ex-diretor; Queiroz Galvão nega, e Aécio pede que se investigue
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa disse ao Ministério Público Federal que foi de R$ 10 milhões o valor de propina cobrado pelo ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra para que o tucano ajudasse a esvaziar Comissão Parlamentar de Inquérito criada pelo Senado para investigar a Petrobras em 2009.
Em depoimento, Costa afirmou que o suborno foi pago pela construtora Queiroz Galvão em 2010. Guerra morreu em março deste ano, aos 66 anos, de câncer no pulmão.
Os relatos do ex-diretor da Petrobras sobre o montante e a pagadora da propina foram informados pelo jornal "O Estado de S. Paulo" na edição desta sexta-feira (17).
Segundo o jornal, Costa também disse que, ao tratar do suborno, Guerra estava acompanhado do deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE) e apontou que o congressista seria um "operador".
O ex-diretor da estatal ainda relatou que o político tucano sugeriu que ele conversasse com Armando Ramos Tripodi, o então chefe de gabinete do presidente da Petrobras à época, José Sergio Gabrielli, segundo o jornal.
Tripodi hoje é o gerente-executivo de Responsabilidade Social da Petrobras.
A Queiroz Galvão integra consórcio contratado para obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que é investigada na Operação Lava Jato da Polícia Federal.
Em seu depoimento, Costa disse ter ouvido do ex-presidente do PSDB que o dinheiro serviria para abastecer campanhas do partido em 2010, entre elas a de Guerra por uma vaga na Câmara.
Em outro depoimento à Justiça, o ex-diretor da Petrobras também apontou propinas de contratadas da estatal ao PT, PP e PMDB.
A CPI criada em 2009 para investigar a Petrobras teve vida breve: foi instalada em julho e acabou em novembro. Guerra e o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) abandonaram a comissão em outubro, alegando que o rolo compressor do governo impedia investigação séria.
Nota do PSDB aponta que a legenda defende a investigação de todas as acusações feitas por Costa. Francisco Guerra, filho do ex-presidente do PSDB, não se manifestou sobre a acusação, mas disse preservar o legado do pai "com muita honra".
Em nota, a construtora Queiroz Galvão afirmou que "desconhece o teor do depoimento e nega as acusações".
Tripodi negou contatos com Guerra ou Fonte e irregularidades em sua atuação.
Fonte disse estar à disposição das autoridades para esclarecimentos e que só vai se pronunciar após ter acesso ao depoimento de Costa.
O candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB), declarou nesta sexta-feira (17) que o fato de a presidente Dilma Rousseff (PT) ter citado o suposto envolvimento de um tucano no caso Petrobras mostra que ela "agora parece crer" nas denúncias.
Ele disse que, "se alguém tiver responsabilidade, independentemente de partido político ou sem partido, deve responder por seus atos".