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Engenheiros se afastam da academia

Falta de profissionais no país faz com que salários no setor privado sejam mais atrativos para o recém-formado que bolsas de estudantes de pós-graduação

LÍGIA MENEZES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O ritmo de crescimento de cursos de pós-graduação stricto sensu no Brasil caiu entre 2004 e 2009, segundo relatório da Capes, e uma das maiores responsáveis pela puxada no freio de mão foi a área de engenharia.

Pelo relatório, em 2004 a oferta de cursos de especialização, mestrado e doutorado para engenheiros era de 11,5% do total de cursos. Em 2009, caiu para 10,9%. De 800 mil concluintes de pós em diversas áreas naquele ano, só 5,9% foram de engenharia, produção e construção.

O fenômeno pode ser explicado pela falta de engenheiros no país, que acarreta contratação em massa logo após a graduação, fazendo com que os profissionais nem sequer tenham tempo (ou interesse) para uma pós.

Apenas com diploma de graduação, eles recebem propostas atrativas em multinacionais e grandes empresas.

De acordo com o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo, Marcelo Trindade, a situação pode ficar preocupante.

"O país precisará de mais engenheiros especializados e focados em pesquisa para sustentar o desenvolvimento da indústria nacional", frisa.

Para o professor Gherhardt Ribatski, membro da Comissão de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da USP, o decréscimo se relaciona ao reduzido valor das bolsas de estudo em comparação aos salários na iniciativa privada.

A Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), por exemplo, paga a mestrandos bolsas de R$ 1.477 a R$ 1.568.

Doutorandos recebem de R$ 2.177 a R$ 2.695. Um trainee da área pode começar em uma empresa com R$ 4.000.

PRIORIDADES

A carreira de um engenheiro deverá passar por áreas que a Capes priorizará nos próximos dez anos -caso de geração e distribuição de energia e desenvolvimento de transporte eficiente.

Para ampliar a visão sobre esses temas, a interdisciplinaridade é tendência, cita Estevam Barbosa de Las Casas, coordenador da área de avaliação Engenharias 1 da Capes. "Em engenharia de materiais, há profissionais de saúde e físicos; na engenharia de estruturas, fisioterapeutas e cientistas da computação."

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