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Preços ainda podem subir, mas rota é incerta

Profissionais do setor dizem que crescimento dos preços será menor, mas não acreditam em desvalorização brusca

Dados do 1º trimestre confirmam freio na alta de preços; crédito com recurso da poupança também desacelera

DANIEL TREMEL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O preço dos lançamentos residenciais na capital paulista está subindo num ritmo menor que o do passado, mas ainda há dúvidas sobre se é hora de comprar ou esperar um pouco mais.

Os dados mais recentes da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio) apontam que o valor dos imóveis de dois quartos à venda no primeiro trimestre subiu 10,6% ante o mesmo período de 2011, menos que nos anos anteriores.

No primeiro trimestre de 2011, a elevação fora de 16,7%. Em 2010, de 41,1%.

Os imóveis com dois quartos correspondem à maior parte dos lançamentos e vendas residenciais dos dois últimos anos.

A desaceleração dos preços dos imóveis, após a forte valorização dos últimos anos, acende o alerta para uma bolha no meio imobiliário.

A preocupação é com a possibilidade de uma queda abrupta dos preços, que jogasse o Brasil em meio a uma crise como a do "subprime" nos EUA, que gerou a turbulência financeira de 2008.

O financiamento de imóveis com recursos da poupança também cresce menos. Pesquisa da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) mostra um aumento de 10% no primeiro trimestre deste ano ante o de 2011.

Na comparação entre o primeiro trimestre de 2011 e o de 2010, a variação foi de 60%.

Para o vice-presidente da Abecip, Osmar Roncolato Pinho, o crescimento foi "modesto", mas o setor ainda tem gás. A expectativa é uma expansão de 30% no volume de empréstimos para financiamento imobiliário neste ano.

Para Luiz Paulo Pompéia, diretor da Embraesp, os preços devem parar de subir, mas não haverá quedas significativas. "No momento, estamos vivendo uma redução da produção e dos valores."

A existência de uma bolha segundo o economista, porém, é improvável. Até o fim do ano, a curva de preços "cai um pouco, depois volta a subir de novo".

DEMANDA GARANTIDA

A única possibilidade de um excesso de valorização estaria no segmento de imóveis entre R$ 1 milhão e R$ 2,5 milhões. Nos segmentos popular e luxo (a partir de R$ 3 milhões), porém, a demanda ainda continua maior que a oferta. "Temos dez anos de demanda garantida."

Para o professor de finanças pessoais da FGV Samy Dana, o preço dos imóveis atingiu um patamar "ridículo".

Segundo ele, o retorno em aluguel não compensa o investimento, já que o rendimento seria inferior ao da poupança.

A outra opção para o investidor seria esperar uma valorização. "Justamente essa crise do preço infinito é a lógica de uma bolha imobiliária."

A desaceleração, para Dana, é "complicada". A tendência do investidor é não aceitar as perdas e esperar a valorização. "Uma hora isso vai se agravar. Mas, na hora em que ele começar a perder dinheiro, vai ter que vender."

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