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Diga-me onde moras...

CADA REGIÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO TEM CARACTERÍSTICAS PRÓPRIAS, QUE AJUDAM A DEFINIR A IDENTIDADE DE SEUS MORADORES

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Na São Paulo de hoje: Quem mora na República é otimista, visionário ou não tem dinheiro -ou tudo isso junto. Os moradores da Bela Vista vivem pelos bares ou são simpatizantes.

Na Santa Cecília, não dá para se incomodar com os travestis da esquina, pois eles protegem a área. Higienópolis não fica longe, mas famílias quatrocentonas recusam o metrô, que dirá travestis.

Liberdade deu nome ao bairro dos japoneses; os bolivianos do Brás e da Barra Funda não conhecem essa história. Os coreanos do Bom Retiro não se misturam, mas fazem bons negócios.

No Pacaembu, herdeiros de grandes casas pensam em vendê-las porque a manutenção pode ser cara.

Nos Jardins, judeus convivem com gays, gays não se importam com socialites, socialites se dão bem com jovens casais, que preferiram derrubar a parede entre a sala e a cozinha.

Em Perdizes, ainda existem locadoras de vídeo e os pátios dos prédios viram garagens. Os pichadores do Cambuci já colocaram seus quadros à venda em galerias de Pinheiros, onde médicos e residentes procuram apartamento.

Bicho-grilo é uma espécie em extinção na Vila Madalena. Na Mooca, o clube Juventus ainda é ponto de encontro de velhos italianos. O metrô, no Tatuapé, se conecta a dois shoppings, mas famílias preferem carro esportivo.

Quem vive na Vila Mariana em geral mora perto dos pais ou dos avós. Alugar um flat do Itaim é uma opção para os solteiros, reconhecer o vizinho na rua é coincidência, mas falar "oi", nem pensar.

Morar na Vila Olímpia tem seu preço; à noite os ricaços se livram do trânsito absurdo de carros e de executivos que vão almoçar em grupo.

Em Santana, militares comem churrasco com seus filhos e funcionários públicos fazem cooper na Brás Leme. Os moradores da City Lapa não compram panelas dos camelôs da Lapa de Baixo.

Quem vem do interior acha Moema um bairro seguro e com facilidades. No Butantã, a vizinhança ainda troca cumprimentos. Entre os muros do Morumbi, engenheiros e advogados podem deixar seus filhos brincarem na quadra poliesportiva até as 22h, mas o trânsito vai estar infernal pela manhã.

Os punks da periferia se mudaram da Freguesia, não usam mais moicano e seus descendentes acham tudo muito longe. Eles prefeririam um bairro mais central.

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