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O futuro é engenhoso

Retomada de investimentos em infraestrutura e pressão por inovação tecnológica nas empresas faz demanda por engenheiros explodir

KATIA SIMÕES
CARIN PETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Houve um tempo em que engenheiro, depois de se formar, virava suco -caso de um profissional que ficou famoso nos anos 1980 por, graças à falta de perspectiva em sua área, abrir uma lanchonete em São Paulo batizada de O Engenheiro que Virou Suco.

Três décadas depois, o enredo é outro. "Hoje, não falta emprego", diz José Tadeu da Silva, 58, presidente do Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia).

Para o futuro, o cenário é ainda mais otimista. Segundo a entidade, os cerca de 40 mil engenheiros formados anualmente no Brasil não serão suficientes para atender à demanda de 300 mil profissionais da área necessários para obras e investimentos previstos para os próximos cinco anos, como os da Copa do Mundo, das Olimpíadas, do PAC e do petróleo do pré-sal.

Mas não é apenas a retomada de investimentos em infraestrutura que aquece o setor. "A necessidade de inovação tecnológica como fator de competitividade das empresas pressiona a demanda por engenheiros", afirma James Wright, 61, coordenador da FIA (Fundação Instituto de Administração).

Como resultado, sobra trabalho e faltam profissionais em dia com as exigências tecnológicas do mercado. "Depois de duas décadas perdidas, sem investimentos, grande parte dos engenheiros migrou para outras áreas, como o mercado financeiro", afirma Guilherme Melo, 55, diretor de engenharias, ciências exatas, humanas e sociais do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

Para completar o quadro, a evasão de alunos nas faculdades de engenharia é tradicionalmente alta. "Algo entre 40 e 50% dos alunos abandona o curso, que é longo e difícil", afirma Melo. Quem consegue o canudo, porém, encontra ofertas de remuneração que costumam compensar o esforço. A categoria tem piso salarial de R$ 5.600 mil.

NOVO INTERESSE

Com as boas perspectivas de crescimento, começa a ressurgir o interesse pela carreira. Neste ano, o curso de engenharia civil da USP São Carlos desbancou o de medicina no primeiro lugar do ranking de cursos mais concorridos da Fuvest, com 52,27 candidatos por vaga. Em 2010, com disputa de 26,78 candidatos por vaga, o curso era o nono mais disputado. O número de formandos também vem crescendo. No ano passado, 38.148 novos engenheiros chegaram ao mercado,172% a mais que 2002, segundo os registros de profissionais emitidos pelos Creas (Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia).

Novos cursos também foram criados. O governo paulista abriu neste ano 11 cursos de engenharia na Unesp (Universidade Estadual Paulista), somando 440 novas vagas.

Mas é preciso ir além. As empresas públicas e privadas não só encontram dificuldades para contratar jovens profissionais como também especialistas sênior. Levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) revela que dos cerca de 10 mil doutores formados por ano, apenas 10% são da área.

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