Índice geral Especial
Especial
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Ribeirão 156 anos

Uma história contada pela arte

Cidade, que hoje celebra seus 156 anos, já foi retratada em obras de artistas plásticos italianos e também de Ribeirão

ELIDA OLIVEIRA
GABRIELA YAMADA
DE RIBEIRÃO PRETO

Da paisagem rural dominada por lavouras de café ao atual desenvolvimento urbano, Ribeirão Preto, que hoje celebra seu aniversário, foi retratada em diversas obras de arte ao longo de sua história.

Os diferentes momentos da cidade foram traçados por artistas como Victorio Gregolini (1897-1936), Francisco Amêndola (1924-2007) e Odilla Mestriner (1928-2009).

Especialistas em artes da USP, Unicamp e Faap (Fundação Armando Alvares Penteado) ouvidos pela Folha citam também Bassano Vaccarini, Leopoldo Lima e Leonello Berti, entre outros, como nomes de destaque das artes.

"Eles têm extrema importância para as artes de Ribeirão Preto, porque fizeram grandes mudanças no cenário, principalmente Bassano", diz Daici Ceribelli Antunes de Freitas, doutora em artes pela USP e ex-aluna de Vaccarini (1914-2002).

Os italianos, aliás, são os responsáveis por impulsionar as artes locais em meados do século passado. Muitos, "filhos da arte moderna", foram atraídos pelo capital da elite da cidade.

ERA DO CAFÉ

Assim como a economia de Ribeirão começou a crescer com as fazendas de café, na segunda metade do século 19, as primeiras pinturas da cidade também retrataram as propriedades dos coronéis.

Gregolini, italiano que aportou em Ribeirão em 1917, foi um dos precursores na arte decorativa, segundo Maria Elizia Borges, professora de história da arte da Universidade Federal de Goiás e autora de "A Pintura na 'Capital do Café'" (editora Unesp).

Ele fazia adornos nas paredes das mansões e pintava anjos e santos em igrejas, como na paróquia Nossa Senhora do Rosário, de Ribeirão.

Em uma das incursões por cidades da região para pintar igrejas, Gregolini conheceu Candido Portinari (1903-62). Em 1918, o artista de Brodowski o homenageou com um retrato a crayon sobre papel.

Mundialmente reconhecido pelos painéis "Guerra" e "Paz" (1952), Portinari também tem em sua obra referências ao cotidiano da terra natal. Alguns de seus cenários inclusive se misturam à história de Ribeirão Preto, como na tela "Café" (1935), sobre trabalhadores rurais na colheita do grão.

"Ribeirão tem proximidade geográfica e histórica com Brodowski. As paisagens cafeeiras acabam sendo um fator unificador das cidades", diz Angélica Fabri, diretora do Museu Casa de Portinari.

'OURO VERDE'

Só a cidade de Ribeirão chegou a produzir 30% do café brasileiro -grande fonte de riqueza que deu origem ao termo "ouro verde".

O cenário das telas igualmente muda com a alteração do ciclo econômico. Já no final da década 1930, o próprio Portinari pinta "Cana", antecipando nas artes a grande fonte de riqueza da região que se consolida a partir de meados do século passado.

Outro italiano, Leonello Berti (1927-1976) produz uma série sobre uma usina de açúcar e álcool da região nos anos 1960, quando o setor começa a ganhar importância nacional -na década seguinte, seria criado o Proálcool.

Com o desenvolvimento urbano, Francisco Amêndola reproduz a cidade em expansão em uma de suas telas, segundo sua filha Érica, 50, secretária-adjunta da Cultura.

A obra "Panorâmica", de 1991, está exposta na Casa da Cultura de Araraquara, onde o artista viveu até 1958.

Outra tela de Amêndola que retrata Ribeirão é "Coreto da Praça 15", de 1992, que reproduz uma foto de 1901 do fotógrafo João Passig, segundo dados do Arquivo Público e Histórico de Ribeirão. Na imagem, aparece um grupo de pessoas em um jardim público que já não existe mais -onde hoje se encontra o Monumento do Soldado de 1932.

A tela foi pintada a pedido do ex-prefeito tucano Welson Gasparini (1989-92).

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.