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Pintura conquistou espaço em Ribeirão com coronéis do café

Artistas deixaram São Paulo e Rio de Janeiro em busca de mercado e passaram a decorar imóveis de cafeicultores

Especialista diz que fazendeiros queriam usar a arte para ostentar uma posição social de destaque

DE RIBEIRÃO PRETO

Na época em que a arte moderna começava a ganhar espaço em São Paulo e no Rio de Janeiro, os figurativistas vieram para o interior em busca de mercado. Assim, uma vertente das artes plásticas chegou a Ribeirão Preto para decorar as paredes das casas dos coronéis do café.

Segundo Maria Elizia Borges, professora de história da arte da UFG (Universidade Federal de Goiás), os fazendeiros, por sua vez, queriam usar a arte em suas casas para ostentar uma posição social de destaque, já que as pinturas eram caras.

Victorio Gregolini teve grande mercado nessa área, mas também retratou cenários bucólicos, como na tela "O Caminho de Santa Tereza", em que mostra a trilha por entre árvores que levava ao hospital psiquiátrico de Ribeirão. Hoje, o quadro integra uma coleção particular, segundo Maria Elizia.

A partir do final da década de 1950, outros imigrantes italianos tiveram papel importante na arte de Ribeirão com a Escola de Artes (leia texto à pág. C5). Assim, deixaram discípulos, como o escultor Thirso Cruz, 75.

Apesar de se dedicar à arte tridimensional, Cruz produziu a tela "Balé do Café", que mostra uma colhedora de café peneirando o grão.

"Aquele movimento de jogar os grãos para cima e pegar me lembrou uma dança", disse Cruz à Folha. A tela a óleo com 1,5 m x 1 m pertence a uma coleção particular.

VIZINHANÇA

Além deles, contribuiu para a renovação das artes em Ribeirão Preto Francisco Amêndola, que até então vivia na vizinha Araraquara.

Contemporâneo de Ignácio de Loyola Brandão, José Celso Martinez Corrêa e Mário de Andrade -quando viviam todos em Araraquara, segundo Erica, filha do artista-, Amêndola trouxe para Ribeirão Preto a efervescência cultural do município.

Entre as décadas de 1940 e 1960, as duas cidades eram consideradas polos de arte e cultura no interior do Estado.

Amêndola esteve na primeira Bienal de São Paulo, em 1951, com o quadro "Mocinha em Bicicleta".

Na mesma exposição, estiveram presentes Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade Filho, Anita Malfati e Roberto Burle Marx. (ELIDA OLIVEIRA e GABRIELA YAMADA)

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