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Açúcar e etanol 'somem' das exportações

Polo do setor sucroalcooleiro, Ribeirão não fatura mais com a venda dos produtos para o exterior e não tem mais usinas

Apesar disso, boom de entrada de capital estrangeiro foi mais positivo do que negativo para a cidade

LEANDRO MARTINS
DE RIBEIRÃO PRETO

Reconhecida informalmente como capital da principal região sucroalcooleira do país, Ribeirão Preto já não tem mais nenhuma usina de açúcar e etanol no município.

A última remanescente foi a Galo Bravo, que deixou de operar em maio do ano passado depois de uma história recente marcada por polêmicas e dificuldades.

O que os dados da balança comercial de Ribeirão também revelam é que os dois principais produtos que saem das usinas, o açúcar e o álcool, também já não aparecem na pauta das exportações do município.

Números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior mostram que, em 2011, açúcar e álcool não apareceram na lista dos 40 principais produtos exportados por Ribeirão.

Cinco anos antes, em 2006, os dois produtos, somados, haviam rendido à cidade US$ 228,5 milhões em vendas para outros países.

Mais do que o simbolismo, já que a cidade se intitula "capital do agronegócio", o fim das usinas em Ribeirão Preto e também o sumiço dos produtos da pauta de exportações estão estreitamente ligados às mudanças que o setor, de forma geral, enfrentou nos últimos anos.

O fechamento da Galo Bravo, por exemplo, foi o último capítulo de uma novela que se agravou com a crise de 2008, que levou à lona usinas com problemas financeiros.

Antes do fim, a Galo Bravo já tinha sofrido paradas na produção e até passado por uma troca turbulenta de comando, quando foi assumida pelo empresário Ricardo Mansur, das extintas redes Mappin e Mesbla.

Por outro lado, foi a mesma crise de 2008 que acelerou o processo de internacionalização do setor, com a entrada de companhias de capital estrangeiro que assumiram o controle de usinas.

Nomes como Louis Dreyfus Commodities, Bunge, Tereos e Cargill, entre outros, fortes em vários segmentos agrícolas, tornaram-se comuns também no sucroalcooleiro.

Passados quatros anos desse boom de entrada de capital estrangeiro, especialistas da área afirmam que os resultados foram mais positivos do que negativos para a economia local.

Marcos Fava Neves, docente titular de estratégia da FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto), da USP, e coordenador do Markestrat, diz que a entrada de capital se refletiu diretamente na economia local, com a injeção de dinheiro que movimentou desde a construção civil a novos negócios e empreendimentos comerciais.

O ponto negativo, segundo ele, é que a internacionalização também fechou postos de trabalho. Escritórios administrativos de empresas foram transferidos para São Paulo ou outras cidades.

ENTRA E SAI

Figura ativa no processo de internacionalização do setor, o empresário Maurilio Biagi Filho afirmou que a troca no comando de usinas não causou reflexos ruins para a economia regional. "Os empregos [nas usinas] continuaram, tudo aconteceu sem que a economia sentisse."

Em 2009, o grupo Moema, presidido por Biagi, vendeu suas seis usinas à Bunge.

Em sua avaliação, diante da situação de crise atual, com queda na oferta de cana e prejuízos, os grupos estrangeiros estão conseguindo suportar mais facilmente a situação, com capital externo.

Por outro lado, quando tudo se estabilizar, a tendência é que o lucro das usinas de capital estrangeiro siga o caminho contrário, rumo ao exterior. "É a regra do jogo."

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