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Saiba quando é bom ter negócio em casa

Abrir a empresa na residência ajuda o caixa de quem está começando, mas é preciso pesar direito os prós e contras

Saída é mais adequada para quem não recebe clientes, não utiliza máquinas barulhentas nem equipes grandes

THIAGO SANTOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Na hora de abrir um negócio próprio, arcar com os custos de um escritório pode ser um problema para o empreendedor. A solução, nesse momento, pode ser basear a empresa na própria casa.

De acordo com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), 43% das micro e pequenas empresas do país são as chamadas "home-office" (casa-escritório, em inglês; pronuncia-se "rôme-ófice").

Para o coordenador do Centro de Estudos em Empreendedorismo e Novos Negócios da escola de administração da FGV (Fundação Getulio Vargas), Tales Andreassi, a diminuição dos custos fixos da nova empresa é a principal vantagem de abrir um negócio em casa.

Entretanto, nem todos os tipos de empresa são adequados para isso. "O modelo se adapta bem a atividades de consultoria, de criação ou de arte, por exemplo", afirma o professor.

Esses negócios não exigem grandes estruturas, como maquinários, ou a contratação de muitos funcionários.

"É importante também que seja um negócio que vá até o cliente, e não que o receba", completa Andreassi.

"Quando isso é inevitável, o ideal é que a casa conte com uma estrutura separada para a atividade, como uma edícula. Melhor ainda se tiver uma entrada independente."

Outra solução é contratar os serviços de escritórios coletivos para as reuniões. Essas salas, que podem ser alugadas por pequenos períodos, contam com toda a infraestrutura de um escritório regular, como móveis, telefones e acesso à internet.

Atividades que exigem grandes máquinas, geram barulho ou envolvem questões sanitárias, como a de alimentos, devem ser descartadas para o funcionamento em casa, segundo o professor.

DOCUMENTAÇÃO

Em geral, são necessários alvarás da vigilância sanitária ou da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), quando o negócio envolve produtos poluidores, relata a consultora Sandra Fiorentini, do Sebrae de São Paulo. "O bom-senso também é importante na decisão", afirma Sandra.

O ideal é consultar a subprefeitura do bairro sobre o seu zoneamento (regras para a ocupação dos imóveis) antes de definir que tipo de empresa será aberta.

CHINELOS ESPECIAIS

O estudante de engenharia da computação Rafael dos Reis Posso, 22, levou todos esses fatores em consideração antes de abrir sua empresa, a RP7 Chinelos Personalizados, na laje de sua casa, em São Paulo, há quatro meses.

"Ganhei um chinelo personalizado como lembrança em um casamento. Quando soube que existia uma máquina que permitia fazer isso em casa, surgiu a ideia da empresa", conta Posso.

Ele investiu cerca de R$ 6.000 na compra das máquinas para moldar e estampar os chinelos de borracha. "As máquinas são silenciosas, por isso pude colocá-las em casa. Os próprios vendedores me indicaram os fornecedores da matéria-prima."

Posso já conta com um cunhado como funcionário e planeja os próximos passos. "A máquina ainda é manual. Pretendo comprar uma máquina pneumática e, assim que tiver o retorno do meu investimento, talvez seja o momento de investir em um escritório fora de casa", planeja o empresário.

PRÓXIMOS PASSOS

A decisão de deixar a casa e investir em um escritório deve ser bem pensada, segundo a consultora Sandra Fiorentini.

"Quando a rotina do trabalho passa a interferir na vida familiar, ou o contrário, é um bom momento para considerar a hipótese", sugere.

Além disso, é preciso levar em consideração se o volume de clientes já comporta os novos gastos.

O professor Tales Andreassi destaca fatores pessoais para a decisão. "Quando o profissional percebe que já não tem a mesma produtividade de quando trabalhava em uma empresa ou encara o trabalho como algo chato ou desgastante, é hora de abandonar o 'home-office'."

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