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Vila Medeiros lidera 'pioras'

Bairro é o endereço dos 'nãos', segundo moradores; hospitais, áreas verdes e lazer puxam queda

LAURA CAPRIGLIONE
DE SÃO PAULO

A Vila Medeiros foi o distrito da zona norte que mais piorou na avaliação dos moradores -sua nota, no quesito satisfação, passou de 5,9 para 5,4 nos últimos quatro anos.

O bairro ainda está 0,1 ponto acima da média da zona norte da cidade. Se fosse um estudante, teria passado de ano por pouco, de raspão.

O problema é que a tendência é de queda. De 27 itens em que é possível comparar a avaliação atual com a detectada pelo Datafolha em 2008, em 17 houve piora.

Destaque (negativo) vai para áreas de lazer, ações para jovens, quantidade de hospitais particulares, conservação das áreas verdes, acessibilidade para deficientes e conservação de ruas.

"O problema é que o bairro ficou parado no tempo", avalia o professor aposentado Amancio Siqueira, 68.

"Não é que tenha piorado, mas não melhorou como tantos outros aqui da região, que ganharam praças, shoppings, hospitais, escolas, clubes", completa.

A região (ao menos o seu núcleo histórico, já que os moradores não reconhecem o setor mais pobre, Jardim Brasil, como parte do bairro) pode ser definida como o endereço do "não".

Não tem praça (nem a igreja Nossa Senhora do Loreto mereceu uma), não tem área verde, não tem clube, não tem centro cultural, não tem shopping, não tem cinema, não tem teatro, não tem nem um campinho de futebol. Também não tem time local.

O bairro foi loteado totalmente pelas famílias portuguesas que o fundaram e organizaram, no ano de 1924.

"Não sobrou um naco de área verde para fazer uma praça, o que foi ruim. Mas também não sobrou um pedaço sem dono, que permitisse o surgimento de uma favela", explica o gráfico Carlos Alberto de Abreu, 61.

"Aqui, a gente sente falta de ver crianças correndo, jogando bola", disse Flavia Souza, 36, gerente do restaurante Acarajé da Inês.

A única exceção nessa série monótona de "nãos" começou a nascer há cerca de dez anos, com o surgimento de um novo polo gastronômico de comida brasileira.

5,4
é a nota dada pelos moradores ao distrito, contra 5,9 de 2008

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