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Pesquisa

Da sala de aula ao laboratório

NÃO HÁ ORÇAMENTO NEM VOCAÇÃO PARA QUE TODAS AS UNIVERSIDADES SE DEDIQUEM A EXPERIMENTOS CIENTÍFICOS

NELSON DE SÁ
DE SÃO PAULO

A pesquisa muda o ambiente da universidade, influencia a qualidade do ensino e altera o perfil do aluno. Mas não é toda universidade que faz pesquisa, não há orçamento para tanto, aqui ou no resto do mundo. É o que dizem especialistas brasileiros, ouvidos sobre a importância da pesquisa para o ensino superior.

"O ensino e o aprendizado ficam muito mais dinâmicos quando relacionados com a atividade de pesquisa", descreve Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor-científico da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e ex-reitor da Unicamp. "Os estudantes se beneficiam de aprender nesse ambiente."

Para Glaucius Oliva, presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), "nas universidades de pesquisa os estudantes têm esse adicional, mas nem sempre um país conseguirá colocar todos num sistema como esse", em parte porque "não existe dinheiro para tanto".

"A pesquisa influencia na qualidade do ensino? Sim, certamente", afirma Marco Antônio Zago, pró-reitor de pesquisa da USP e ex-presidente do CNPq. "Mas o ensino universitário deve estar sempre associado à pesquisa? Não. Não há recursos suficientes no Brasil, em país nenhum do mundo."

FATO DA VIDA

Nos Estados Unidos, segundo Zago, apenas 150 das 4.800 instituições de ensino superior poderiam ser classificadas como também de pesquisa. "É um fato da vida", decorrente dos limites de recursos financeiros, mas também humanos. "O perfil do aluno é diferente. Qual é o melhor? Os dois são necessários para o país."

O biólogo Stevens Rehen, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), acrescenta que o professor que realiza pesquisa "transmite melhor o conhecimento". Foi o que ele constatou num levantamento feito com alunos de medicina e outros cursos da instituição. "Eles entendem a importância da pesquisa para a sala de aula."

Como nem toda universidade pode seguir o mesmo caminho, "por restrições financeiras", Rehen remete, como Oliva e Zago, ao modelo americano. Diz que lá a pesquisa é regionalizada, com diferenças de custo e complexidade. "Cada região, também no Brasil, tem de identificar sua vocação."

Por outro lado, Renato Janine Ribeiro, professor titular de ética e filosofia política na USP, alerta que "a pesquisa é importante para o ensino, sim, mas tem objetivo bem mais amplo". Um professor forma um número de alunos "pequeno, limitado", enquanto "a pesquisa deve ser uma contribuição para a ciência, ou seja, para o conhecimento".

De todo modo, acrescenta, "os dois são absolutamente necessários".

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