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Análise

Desequilíbrio entre oferta e demanda faz SP parar no tempo

Gabo Morales/Folhapress
O centro de São Paulo visto a partir do Terraço Itália
O centro de São Paulo visto a partir do Terraço Itália

MAURO PAULINO
DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA
ALESSANDRO JANONI
DIRETOR DE PESQUISA DO DATAFOLHA

Como resultado das notas atribuídas pelos moradores dos 96 distritos de São Paulo a 27 aspectos do cotidiano, conclui-se que pouca coisa melhorou na capital nos últimos quatro anos na percepção da população.

Do total, apenas oito distritos conseguiram médias superiores às verificadas na versão anterior do DNA Paulistano, realizada em 2008.

Já 22 distritos recebem notas inferiores às observadas há quatro anos. Os 66 restantes apresentam desempenho estável no mesmo período.

Ao se observar no mapa da cidade os distritos que pioraram nos últimos anos, percebem-se duas grandes manchas. Uma é localizada no extremo leste e configura uma faixa que corta a região no meio e reúne Ermelino Matarazzo, São Miguel Paulista, Itaquera, Parque do Carmo, José Bonifácio, Cidade Tiradentes e Iguatemi.

A outra mancha de involução começa no extremo norte, nos bairros de Tremembé e Mandaqui, desce por Vila Medeiros e Vila Maria, contempla Tatuapé e Água Rasa, na zona leste, contorna o centro pela Mooca, Belém e Liberdade, passa pelo Jardim Paulista, na zona sul, e chega à zona oeste por Pinheiros e Alto de Pinheiros.

Pelos dados, percebe-se que uma explicação possível para os resultados encontra-se no desequilíbrio entre oferta e demanda nas diferentes regiões da cidade.

Com a economia controlada e a distribuição desigual de serviços públicos e privados pelo município, a população de áreas mais carentes tende a buscar aquilo que não tem em seu bairro nos distritos com mais estrutura, mais próximos à região central.

Essa dinâmica gera reflexos inevitáveis nos mais diversos aspectos do centro expandido, inclusive no trânsito.

Quanto aos bairros que melhoraram, não se percebe concentração geográfica expressiva em determinada região. Os distritos que mais subiram no ranking geral da cidade -Sapopemba e Jardim São Luís- ficam, respectivamente, nas zonas leste e sul.

A base do desempenho positivo, nos dois casos, sustenta-se muito mais em ações de natureza comunitária e cultural do que propriamente em benfeitorias estruturais.

Sobre o ranking dos distritos, aliás, vale destacar a evolução do Carrão, bairro da zona leste que, em 2008, ocupava a 36ª posição e hoje figura no sétimo lugar. Dos 27 itens avaliados no bairro, 16 conseguiram notas mais altas do que há quatro anos.

Os bairros que lideram o ranking de 2012 já estavam no topo em 2008 -Alto de Pinheiros, Vila Mariana e Consolação ficam com as maiores médias. A exceção é o Jardim Paulista que caiu da segunda para a oitava colocação, abrindo espaço para Vila Leopoldina, Moema e Lapa. No geral, os bairros com as maiores médias compõem o centro expandido da capital.

Na lanterna, o desempenho positivo da Brasilândia, que melhorou ligeiramente sua média em relação a 2008, jogou o extremo sul para a posição -figuram ali os bairros de Parelheiros, Jardim Ângela e Marsilac. As menores médias no geral localizam-se nos distritos da periferia.

Em um cenário que pede mudança, o próximo prefeito terá como tarefa importante solucionar a equação do desequilíbrio, gerando ofertas adequadas às demandas específicas de cada região, para que, daqui a quatro anos, a maioria dos 96 distritos apresente médias de satisfação maiores que as de 2012, no DNA Paulistano de 2016.

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