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Russomanno atribui queda ao pouco tempo na TV e não fala de 2º turno

Presidente municipal do PRB, Aildo Rodrigues, afirma que 'a tendência natural é apoiar Haddad'

Nos últimos dias, PT e PRB travaram guerra de panfletos com críticas; candidato chamou o petista de 'mentiroso'

DE SÃO PAULO

Depois de sofrer uma virada nas urnas e ter ficado em terceiro lugar, Celso Russomanno (PRB) encerrou sua campanha à Prefeitura de São Paulo atribuindo a queda ao pouco tempo de TV para rebater ataques dos rivais. Ele não disse se apoiará José Serra (PSDB) ou Fernando Haddad (PT) no segundo turno.

A tendência, no entanto, é que seu partido, que apoia o governo federal, fique ao lado de Haddad.

Russomanno apareceu na garagem de seu escritório político às 20h50, com a apuração próxima do fim, e falou por 13 minutos. Atrás dele, alguns assessores choravam.

"A gente teve pouco tempo, e os partidos se uniram e nos bombardearam", disse o candidato, que afirmou ter telefonado para Serra e Haddad para cumprimentá-los pelo resultado.

Ele evitou dizer se subirá no palanque do petista depois de ter chamado o adversário de "mentiroso" no final da campanha. Afirmou que a decisão sobre o segundo turno será tomada a partir de hoje. "Vamos decidir amanhã [hoje]. Zera tudo agora."

O presidente municipal do PRB, Aildo Rodrigues, disse que "a tendência natural é apoiar o Haddad" e que os ataques trocados com o PT foram feitos no contexto da campanha. Poderiam, portanto, ser superados em nome de futura aliança.

Já o presidente nacional do partido, Marcos Pereira, afirmou que tanto o PRB quanto o PTB, principal partido da coligação de Russomanno, apoiam Dilma Rousseff no plano federal e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo. A proximidade do presidente do PTB, Campos Machado, com Alckmin pode fazer com que o partido não siga o mesmo rumo do PRB no segundo turno.

Representantes dos dois partidos disseram ontem que definirão o apoio em conjunto, como um "grupo político".

Um dos motivos para a desidratação de Russomanno depois de mais de um mês liderando a corrida eleitoral foi o questionamento à sua proposta de cobrar a tarifa de ônibus proporcionalmente ao trecho percorrido.

O PT levou o tema ao horário eleitoral e ao último debate na TV, em 24 de setembro, e apostou no discurso de que a nova cobrança faria os mais pobres pagarem mais, por morarem longe do trabalho.

Na semana passada, PT e PRB travaram guerra de panfletos, e Russomanno disse que Haddad foi "mentiroso" ao dizer que ele aumentaria a passagem.

Antes disso, a campanha de Russomanno já havia ficado sob ataque da Igreja Católica, devido à ligação do PRB com a Igreja Universal do Reino de Deus. O arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, divulgou em 13 de setembro uma nota sugerindo que a eleição de Russomanno ameaçaria a democracia.

A animosidade com a Cúria trouxe a Universal para o centro da campanha. A situação ficou ainda pior para o candidato quando, a cinco dias da eleição, o bispo Edir Macedo, líder da igreja, publicou em seu blog um texto com críticas a Haddad e exaltando a candidatura de Russomanno. A cúpula do PRB admite que a manifestação não poderia ter ocorrido em momento mais inapropriado.

Russomanno também foi vítima do "voto útil". Os rivais, que o pouparam no início da campanha, passaram a pregar que a eleição do apresentador seria uma "aventura".

(DIÓGENES CAMPANHA E GIBA BERGAMIM JR.)

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