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Haddad já busca alianças para isolar Serra

Lula quer selar apoio de Russomanno e Chalita nos próximos dias; Dilma pretende negociar com Crivella e Temer

Candidato pretende nacionalizar disputa e ampliar presença da presidente; para Marta, 'o mais difícil' já passou

Lalo de Almeida/Folhapress
O candidato Fernando Haddad (PT) posa com os filhos Ana Carolina e Frederico e com a mulher Ana Estela depois de votar em colégio na zona sul de São Paulo
O candidato Fernando Haddad (PT) posa com os filhos Ana Carolina e Frederico e com a mulher Ana Estela depois de votar em colégio na zona sul de São Paulo

BERNARDO MELLO FRANCO
LUIZA BANDEIRA
DE SÃO PAULO
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

Depois de afastar a ameaça de uma derrota inédita no primeiro turno, o PT agora busca alianças para fortalecer Fernando Haddad e tentar isolar o adversário José Serra (PSDB) na disputa pela Prefeitura de São Paulo.

Petistas comemoraram o desempenho do estreante como uma vitória, deixaram de lado o tom de cautela e assumiram discurso de favoritismo na disputa com o tucano.

O partido quer selar acordos nos próximos dias com Celso Russomanno (PRB) e Gabriel Chalita (PMDB), cujos partidos integram a base do governo Dilma Rousseff.

A ofensiva será liderada pelo ex-presidente Lula, fiador da candidatura de Haddad, e por Dilma, que deve assumir papel maior na campanha. Ela pretende negociar diretamente com o ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB), e com o vice-presidente, Michel Temer (PMDB).

Haddad deixou claro que sua estratégia agora será nacionalizar a disputa com Serra. "O projeto nacional [do PT] depende do nosso desempenho em São Paulo", disse.

Ontem, a sensação dos petistas era de alívio. Haddad acordou sem saber se iria ao segundo turno. À noite, foi dormir em vantagem nas primeiras projeções contra o tucano. Simulação de anteontem do Datafolha indica que ele venceria por 45% a 39%.

"O mais difícil nós fizemos: era chegar ao segundo turno", resumiu a ministra da Cultura, Marta Suplicy. "O pior já foi descartado. Agora vai o segundo pior, e a gente ganha a eleição", disse.

Em pronunciamento com aliados, Haddad agradeceu aos padrinhos políticos e disse ter ficado "emocionado" com telefonemas de Lula e Dilma. "Foi uma jornada difícil. Saímos de 3% e chegamos a 29% dos votos válidos. É uma vitória significativa."

FRATERNAL

O petista disse ver uma adesão de Russomanno e Chalita como "natural" e afirmou que os dois se apresentaram como opositores do prefeito Gilberto Kassab (PSD), aliado de Serra.

Segundo Haddad, PT, PRB e PMDB mantêm relação "fraternal". "Há um desejo em comum de muitas candidaturas de que São Paulo tenha uma mudança", disse.

O petista buscou atenuar as divergências com Russomanno na reta final da campanha. Nos últimos dias, o candidato do PRB chegou a chamá-lo de mentiroso em comercial na TV.

"Não vejo razão para que isso seja obstáculo a um entendimento", afirmou.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que os altos índices de rejeição a Serra vão favorecer Haddad no segundo turno.

"No fundo, todo petista queria este embate. Acho que a rejeição está sendo decisiva. No segundo turno, tem um peso muito forte."

Para Marta, Serra ainda carregará "fantasmas" como a renúncia à prefeitura para disputar o governo, em 2006, e a rejeição de Kassab.

"Você carrega os seus fantasmas. Ele tem muitos, chega muito pesado ao segundo turno. O Kassab eu diria que é o mais fantasmagórico", ironizou a ex-prefeita.

Além de procurar Crivella, Dilma deve acionar outros políticos ligados à Igreja Universal que integram a cúpula do PRB para selar o apoio de Russomanno a Haddad.

No primeiro turno, ela só compareceu a um ato público com o petista, um comício na semana passada em Itaquera (zona leste). Sua presença na cidade agora deve ser maior.

Os ministros Aloizio Mercadante (Educação) e Alexandre Padilha (Saúde) também devem aumentar os compromissos com Haddad. Lula fez a mesma recomendação à bancada de deputados federais do PT.

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