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Dilma mira Aécio, perde e tem em Eduardo Campos nova ameaça

Ao vencer PT em Recife, governador do PSB também sai fortalecido

VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
MATHEUS LEITÃO
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

A presidente Dilma Rousseff envolveu-se na eleição mirando o pleito de 2014, tendo como alvo seu potencial adversário na disputa: o PSDB e seu pré-candidato, o senador Aécio Neves (MG).

Foi assim no primeiro turno, quando adotou um discurso "agressivo" contra o mineiro, e vai se repetir no segundo, quando jogará pesado para derrotar o também tucano José Serra e eleger Fernando Haddad em São Paulo.

Em Minas, Dilma não teve êxito e foi derrotada por Aécio, que reelegeu o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB). Na capital paulista, cobrará apoio de aliados para vencer o PSDB e abrir espaço para o PT conquistar o tão desejado governo estadual.

Segundo assessores, Dilma decidiu usar a eleição municipal para "demarcar terreno" em relação aos tucanos e tentar minar desde já as forças do seu oponente.

Daí surgiu a decisão de subir, de forma "calculada e planejada", o tom dos ataques contra Aécio e Serra ao participar de comícios dos petistas Patrus Ananias e Fernando Haddad.

Um ministro disse que Dilma avaliou que não poderia deixar o tucano mineiro sem resposta, principalmente depois que ele passou a aproveitar a eleição para fazer críticas ácidas a seu governo.

Aécio não é o único presidenciável que preocupa o Planalto. A vitória do governador Eduardo Campos (PSB-PE) em Recife, onde elegeu Geraldo Júlio, incomoda os petistas. O presidente do PSB sai fortalecido e não esconde que seu projeto político inclui disputar a Presidência.

O Planalto quer acompanhar de perto qualquer tentativa de aproximação entre Aécio e Eduardo Campos, que são amigos. O tucano mineiro sonha em atraí-lo para seu projeto, apostando no desgaste da relação do PSB e PT.

SEGREDO

A presidente votou ontem em Porto Alegre, mas não declarou voto para evitar rachaduras na base do governo. "O voto é secreto. Eu sou presidente, mas aqui exerço minha condição de cidadã. É preciso entender uma coisa: os três candidatos aqui são da base do governo", disse.

Acompanhada do governador Tarso Genro, que vota na mesma seção, Dilma abriu mão do direito ao sigilo do voto quando perguntada sobre a maior cidade do país. A presidente disse que, em São Paulo, votaria no petista Fernando Haddad: "Não votei lá, mas votaria no Haddad".

A presidente esteve só uma vez no Rio Grande do Sul no período eleitoral para evitar atritos entre os partidos dos três principais candidatos à Prefeitura de Porto Alegre e que apoiam seu governo.

Ela é amiga do prefeito José Fortunati (PDT), reeleito no primeiro turno, e tem boa relação com a segunda colocada, Manuela D'Ávila (PC do B). O PT lançou Adão Villaverde, candidato do qual ela discorda em alguns pontos.

Presa e torturada na ditadura, Dilma reafirmou que a eleição é um dia especial: "Sou de uma geração que não votou. Muita gente no Brasil já nasceu na democracia, mas há uma quantidade de brasileiros que ainda se lembra do que é não ter o direito ao exercício do voto", disse.

"O Brasil é uma democracia estável com regras e respeito aos direito das pessoas, especialmente com essa imensa festa da democracia que é escolher quem vai dirigir a sua própria cidade."

Da escola, Dilma foi para o aeroporto e embarcou para Brasília no final da manhã. Acompanhou o resultado das eleições do Palácio da Alvorada. Conversou por telefone com Lula para comemorar a ida de Haddad ao 2º turno.

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