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Crédito do BNDES chega à Cidade de Deus

Favela do Rio é a primeira a receber atenção mais direta do banco, que oferece juros mais baratos e prazo maior

Iniciativa ocorre depois de 3 anos da ocupação pela polícia e de 2 anos da entrada de bancos comerciais, como BB

VENCESLAU BORLINA FILHO
DO RIO

O microempresário Maurício Souza Netto, 51, está animado com a possibilidade de financiar uma máquina que automatiza todo o processo de fabricação de caixas de papelão na empresa da qual é sócio com o irmão na favela Cidade de Deus, no Rio.

É a primeira vez que ele recorre a um empréstimo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) -com juros menores e prazo maior de pagamento- para fazer um negócio. Até então, só tinha acesso aos bancos comerciais.

A Cidade de Deus é a primeira favela a receber atenção mais direta do BNDES. Isso ocorre depois três anos da ocupação pela polícia e de dois anos da entrada dos bancos comerciais, entre eles Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

A ideia inicial era primeiro contemplar com o projeto as favelas Pavão-Pavãozinho, Cantagalo e Rocinha, na zona sul, e Borel e Manguinhos, na zona norte. Mas os microempresários da Cidade de Deus se anteciparam e fizeram a reivindicação.

O principal motivo para o pedido é o crédito barato. Outro argumento foi que a favela ganhou contornos econômicos positivos. Onde há três anos imperava a venda de drogas, hoje se comercializam desde refeições até roupas de banho e ginástica.

A transformação foi impulsionada há um ano com a instalação do primeiro banco comunitário da cidade e há quatro meses com a criação de um polo comercial local pela prefeitura. E o Sebrae ajudou a disseminar a cultura do empreendedorismo.

CRÉDITO

A principal forma de financiamento na Cidade de Deus é o microcrédito. Nove cartões do BNDES, com limite total de R$ 510 mil, já foram adquiridos na comunidade, segundo o banco. Com eles, 22 operações já foram feitas, totalizando R$ 168,4 mil.

"Foram financiadas máquinas e equipamentos para confecção e vestuário, indústrias, construção civil, reparação de veículos e aquisição de softwares", diz Leonardo Pamplona, gerente do departamento de economia solidária do BNDES.

Já por meio do banco comunitário, o BNDES desembolsou cerca de R$ 10 mil em operações de microcrédito. A próxima etapa é credenciar fornecedores da Cidade de Deus para vender produtos por meio do cartão BNDES.

"A estratégia é de longo prazo, para capacitação da população para o desenvolvimento local por meio do estímulo do capital social nas comunidades pobres. O crédito é uma das partes", afirma Walsey Magalhães, da presidência do banco.

A comerciante Sandra Mara, 50, estuda a melhor forma de financiamento para virar dona do próprio negócio. O primeiro empréstimo, de R$ 1.000, foi feito para comprar mercadorias para a loja de roupas de praia e ginástica da qual é sócia na favela.

"Já paguei o empréstimo, que foi feito em cinco parcelas, e preciso de mais dinheiro para comprar a parte da minha sócia no negócio. Estou buscando a melhor forma e espero que consiga recursos com o BNDES. Vou precisar de uns R$ 10 mil."

Colaborou DENISE LUNA, do Rio

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