Análise

Avanço de rivais pressiona Alckmin a reinventar governo

Derrotado na capital e em polos estratégicos do Estado, Geraldo Alckmin calcula os danos da eleição pressionado a vitaminar sua coalizão para 2014 na tentativa de deter o projeto petista de tomada do Bandeirantes, objeto do desejo de Lula há 30 anos.

Além de dar guarida ao grupo de José Serra, prestes a deixar a prefeitura paulistana, o governador reformulará seu QG político em minirreforma do secretariado.

O tucano se vê obrigado a valorizar siglas com autonomia estadual para homologação de alianças que sustentem seu projeto de reeleição.

Isso porque abriga em sua base, além dos "fiéis" DEM, PTB e PPS, o PP e o PSB, também instalados nos governos de Dilma Rousseff e, agora, de Fernando Haddad.

O cerco aumentará sobretudo no chamado "cinturão vermelho" da Grande São Paulo, onde o PT administrará as cinco maiores cidades.

E é nessa zona de influência que emergirão Alexandre Padilha, Luiz Marinho, Aloizio Mercadante, Emídio de Souza e Marta Suplicy, escalados pela sigla para combater o ciclo tucano de 20 anos.

Revendo o georreferenciamento de sua gestão, Alckmin projeta investir no metrô e no combate a enchentes no entorno da capital, além de privilegiar Santos e Campinas, onde aliados triunfaram.

FATOR KASSAB

Mesmo tendo um vice do PSD, o governador tende a se descolar do partido de Gilberto Kassab, que ruma em direção ao PT, livre dos compromissos pretéritos com Serra.

Pretende compensar a baixa atraindo PR, PDT e PRB, cujas células paulistas se insurgem contra o Planalto.

Noves fora a crise na segurança, Alckmin não poderá se escorar apenas na boa avaliação pessoal se quiser brecar o expansionismo petista.

Precisará ousar nas ações de mandato e na construção de discurso eleitoral consistente, combatendo a fadiga de material que ele mesmo admite haver à sua volta após duas décadas no poder.