Ex-tucano conquista Curitiba e abre vitrine para ministra em 2014

Depois de 24 anos de domínio por um mesmo grupo político, Curitiba elegeu ontem Gustavo Fruet (PDT) e içou o aliado PT ao posto de grande força política da cidade, que jamais governou.

Fruet, 49, que tem uma petista como vice, obteve 61% dos votos. Seu concorrente, Ratinho Junior (PSC), 39%.

O ex-deputado federal foi filiado ao PSDB até 2011. Era um dos líderes da oposição ao governo Lula e participou como relator da CPI que investigou o mensalão, em 2005.

A controvertida aliança do ex-tucano foi articulada pelo casal ministerial Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Comunicações), que não tinham um nome forte para disputar a prefeitura.

Fruet, por sua vez, foi preterido pelo governador Beto Richa (PSDB), que preferiu apoiar um aliado, Luciano Ducci (PSB), seu vice-prefeito até 2010. Ele terminou a disputa em terceiro lugar.

A vitória também fortalece a provável candidatura de Gleisi ao governo do Paraná, daqui a dois anos. A gestão do aliado em Curitiba será a maior vitrine do PT em 2014.

CAMPANHA

O pedetista assume o município após quase não conseguir ir ao segundo turno. Sua aliança com o PT foi atacada pelos adversários, que o acusaram de incoerência.

Em primeiro lugar, com folga, estava Ratinho Junior.

O deputado federal e líder do PSC destacava sua juventude e independência. Com uma chapa de quatro pequenos partidos o filho do apresentador do SBT teve 34% dos votos no primeiro turno.

Sem saber se defender, a candidatura de Fruet minguou nas primeiras semanas de campanha.

Foi preciso mudar o discurso, que se tornou mais ofensivo e atacava especialmente Ducci, com quem ele disputava o segundo lugar. No primeiro turno, Fruet superou o adversário por uma diferença de apenas 4.402 votos.

No segundo turno, o pedetista conquistou o apoio de líderes e ganhou musculatura.

Já Ratinho não conseguiu atrair os eleitores de Ducci e estacionou nas pesquisas.

Ontem, atribuiu as dificuldades ao "conservadorismo" de Curitiba e ao "preconceito" contra seu nome.

Ainda assim, devido à amizade de seu pai com Lula, impediu a presença do ex-presidente na campanha de Fruet.

Também ficou ausente a presidente Dilma Rousseff, que preferiu não apoiar um aliado contra o outro (os dois são da base federal).

Fruet diz que fará uma "mudança responsável" e que manterá "diálogo" permanente com a população.