São Paulo, 20 de outubro de 1999



Recuperar custa pouco,
mas falta investimento


da Reportagem Local

Beira o ridículo o custo para recuperar as pouquíssimas praças e campos de futebol do Jardim Ângela. A praça Notas Musicais é o melhor exemplo. Com R$ 40 mil seria possível refazer a quadra esburacada e colocar alambrado, segundo Jerdes dos Santos, vice-presidente da Sociedade Amigos do Parque São Gabriel.
Mesmo esburacada e mal iluminada, a praça é uma festa. É usada quase todos os dias até a meia-noite. No fim-de-semana, abriga festas. Na Semana Santa, vira palco da Paixão de Cristo.
São os próprios moradores que fazem a manutenção do espaço. Na última semana, eles levantavam uma mureta que desabou. Conseguiram 150 blocos, areia, pedra e ferro na administração regional, e fizeram a obra. O material custa cerca de R$ 200.
Santos não tem dúvida: "Se tem esporte, a violência diminui porque a molecada pensa só em bola e não pensa em bobagem".
Não é só a prefeitura que abandona as praças por ali -a iniciativa privada também não colabora. Ao contrário do que ocorre nos melhores bairros de São Paulo, não há praça "adotada" ali.
A Procter & Gamble tem escritórios em Santo Amaro, a menos de 5 km do Jardim Ângela. Mas escolheu o vale do Anhangabaú, a cerca de 25 km de sua sede, para fazer marketing social. Está investindo R$ 120 mil por ano na limpeza do vale. Neiva Carmo, diretora de relações externas da empresa, diz que não tem projetos na periferia pois foge ao conceito de marketing social adotado. A Procter prioriza a idéia de limpeza porque os projetos são associados ao sabão em pó que produz.
O custo para recuperar campos de futebol é ainda mais ínfimo, segundo Osni Santos Gomes, do Centro de Formação e Recreação São José: "Com R$ 3.000 você arruma um campo. A população pede o básico: vestiário e máquina para aplainar o campo". (MCC)


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