São Paulo, 17 de novembro de 1999 |
Pelourinho troca prostíbulos por residências CHRISTIANNE GONZÁLEZ LUIZ FRANCISCO da Agência Folha, em Salvador O Pelô, como os baianos chamam o Pelourinho, vai virar também centro residencial. Essa é a próxima etapa do processo de recuperação do centro histórico de Salvador (BA). Conhecido como um dos principais pontos de prostituição e tráfico de drogas de Salvador (BA) até 91, a região recebeu investimentos de R$ 73 milhões e hoje é a maior atração turística e de lazer da capital baiana. Depois de ter 600 dos 3.000 casarões dos séculos 17, 18 e 19 restaurados e transformados em estabelecimentos culturais e comerciais, a região vai ganhar, a partir de 2000, um programa habitacional que prevê a recuperação de 70 imóveis residenciais (500 unidades habitacionais). Pelo projeto da Conder (Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia), os imóveis serão destinados à classe média e colocados à venda com financiamento da CEF (Caixa Econômica Federal). Serão residências de um e dois dormitórios para a classe média que vão preservar as características dos antigos quarteirões residenciais do centro histórico, diz o presidente da Conder, Mário Gordilho. Apesar de ainda não ter o custo total do projeto, Gordilho afirma que a CEF já assegurou o financiamento por meio do Plano de Arrendamento Residencial, que prevê a liberação de R$ 200 milhões para toda a região metropolitana de Salvador. O montante a ser destinado para o Pelô ainda não está definido. O governo decidiu recuperar os quarteirões residenciais do centro histórico depois que um esquema de policiamento implantado no local acabou com o estigma de violência do bairro. Até 91, eu cheguei a levar cerca de cem suspeitos de tráfico de drogas por dia para o complexo policial. Atualmente, a maioria das nossas ocorrências são pequenos furtos e brigas, disse o comandante do 18º Batalhão de Polícia Militar, coronel Edgar Francisco Aires dos Santos Neto. Para acabar com o tráfico no centro histórico, a PM implantou uma companhia especial no Pelourinho, com 173 oficiais trabalhando 24 horas por dia. Para facilitar o contato com os visitantes, 44 soldados que atuam na região têm noções básicas de inglês e espanhol ou falam as línguas fluentemente. Há ainda uma delegacia, cuja maior parte do tempo é dedicada àqueles que perderam documentos. Desde que a área foi reformada nunca tive problemas, mas já vi turistas perderem suas carteiras por estarem dispersos assistindo aos espetáculos, disse a estudante baiana Mara Vieira. |
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