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São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2003

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Atrás da Argentina no quadro histórico de medalhas, país busca 3º lugar das Américas em 2007

Brasil sonha em integrar trio de ferro

Pan-2003 marca o início de um investimento para fazer do Brasil, em quatro anos, a terceira potência esportiva das Américas. Pelo menos essa é a idéia de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro.
"Em 2003, nossa meta é ficar em quarto lugar, como em Winnipeg [1999]. Mas temos que melhorar nosso desempenho e conquistar mais medalhas. No Rio, daqui a quatro anos, os planos têm que ser mais ambiciosos. Vamos trabalhar para ficar entre os três primeiros", afirma o dirigente.
Para atingir seu sonho mais inalcançável, abrigar a Olimpíada de 2012 no Rio de Janeiro, os dirigentes acreditam que não basta um bom lobby internacional. É necessário mostrar conquistas. "Não basta o Brasil ter estrutura para organizar uma Olimpíada. Precisamos formar uma força esportiva e trabalhar mais firme para fazer do país uma das grandes potências esportivas do mundo", afirma Carlos Roberto Osório, secretário-geral do Co-Rio, o Comitê Organizador do Pan-2007.
Para isso, o Brasil já mostra evolução no quadro de medalhas. Há dois Pans, mesmo mandando 401 atletas, a equipe brasileira não passou de um modesto sexto lugar, atrás das potências continentais -EUA, Cuba e Canadá-, mas também abaixo de seus rivais mais diretos pela quarta posição -Argentina e México.
A lição foi aprendida em Winnipeg, quando o país obteve seu recorde de medalhas (101) em um Pan. Os rivais reconhecem a evolução. "No futuro, Brasil e Canadá serão ameaças a Cuba", prevê José Fernández, presidente do Comitê Olímpico Cubano.
Apesar do plano ambicioso, porém, falta muito para o Brasil atingir o nível de sua arqui-rival Argentina. O vizinho está à frente, com folga, no quadro histórico de medalhas. Ele tem 794 insígnias pan-americanas. O Brasil conta com 151 glórias a menos.
Se repetir, nas próximas edições dos Jogos, desempenho semelhante ao de Winnipeg, quando conquistou 29 medalhas a mais, o país de Nuzman irá demorar ao menos mais seis Pans para ultrapassar a Argentina.

Pan para meia dúzia
Os planos ambiciosos do país, de concentração de medalhas, refletem uma realidade encontrada na história do Pan. O levantamento do quadro histórico de medalhas, obtido pela Folha com a Odepa, reflete as desigualdades social e econômica das Américas.
Jogos criados para integrar o esporte do continente, o Pan, após mais de meio século de vida, mostra servir só para meia dúzia.
Dos 42 países que disputarão os Jogos-03, 36 deles sabem que seu papel na República Dominicana será de figurante. Os seis grandes -EUA, Cuba, Canadá, Brasil, Argentina e México-, valorizem ou não o Pan, provavelmente chegarão ao final da competição encabeçando as primeiras posições.
Os manda-chuvas concentram 84,7% das medalhas pan-americanas e são donos dos melhores lugares do pódio: 94% dos ouros.
Os 36 pequenos ganharam só 188 ouros na história, número inferior às conquistas de quatro países do bloco dominante: EUA, Cuba, Canadá e Argentina.
Apesar da desigualdade, Mario Vázquez Raña, presidente da Odepa, crê que isso possa mudar com a consolidação de acordos econômicos como a Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
"Uma associação desse tipo seria benéfica para milhares de jovens. Teríamos novos campeões e, consequentemente, Pans melhores", disse ele à Folha.


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