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Delegado assume vazamento das fotos
Edmilson Pereira Bruno, que repassou a jornalistas um CD com fotos, diz ter agido sem motivação política e dentro da lei
Para petistas, exibição de imagem de R$ 1,7 milhão foi tentativa orquestrada pelo PSDB de levar a disputa presidencial para o 2º turno
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O delegado da Polícia Federal Edmilson Pereira Bruno,
43, assumiu ontem a responsabilidade pelo vazamento das
polêmicas fotos do R$ 1,7 milhão apreendido há 15 dias com
membros da campanha do PT
ao governo paulista e à Presidência, que buscavam comprar
um dossiê que incriminasse
candidatos do PSDB.
"Tudo o que eu fiz foi legal, fiz
porque senti que era a verdade", disse ontem o delegado
Bruno, que, a contragosto da
PF e do Ministério da Justiça,
repassou a jornalistas um CD
com 23 fotos coloridas do dinheiro apreendido.
A Polícia Federal se recusou
a exibir as fotos sob o argumento de que isso poderia atrapalhar a disputa eleitoral, prejudicando a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
à reeleição.
A exibição das imagens, às
vésperas da eleição, provocou
uma onda de protestos entre os
petistas, que afirmaram ser
uma tentativa orquestrada pelo
PSDB de levar a disputa presidencial para o segundo turno.
O coordenador-geral da campanha de Lula, Marco Aurélio
Garcia, disse que Bruno agiu
para prejudicar o PT e criticou
a imprensa, que não divulgou o
nome do informante.
Cópias
As fotos do dinheiro foram
repassadas em sigilo a jornalistas, às 10h30 de anteontem,
perto do prédio da PF paulista.
Ao mesmo tempo, Hamilton
Lacerda, ex-coordenador de
campanha de Aloizio Mercadante (PT) ao governo paulista,
prestava depoimento.
A reportagem da Folha e outros três jornalistas receberam
as fotos sob a condição de não
revelar o nome do delegado.
Uma hora depois, outros três
repórteres também receberam
o material perto da PF.
A Folha divulgou as imagens
porque elas são de evidente interesse público. Ao não revelar
a identidade de Bruno, a reportagem se baseou no artigo 5º da
Constituição, que prevê o direito ao sigilo: "É assegurado a todos o acesso à informação e
resguardado o sigilo da fonte,
quando necessário ao exercício
profissional".
Sigilo
O delegado Bruno afirmou
que não agiu por motivação política e argumentou que as fotos
repassadas por ele não estão
em segredo de Justiça.
Tecnicamente, as imagens
que constam no inquérito que
está em sigilo são as que foram
feitas no dia da apreensão do
dinheiro, no hotel Ibis, em São
Paulo, há 15 dias, quando Bruno prendeu o petista Valdebran
Padilha e o ex-policial Gedimar
Passos negociando o dossiê.
Naquele dia, as notas foram
esparramadas sobre uma cama
e fotografadas por um agente. O
material está com o delegado
Diógenes Curado, de Cuiabá,
que preside a investigação.
As imagens divulgadas pela
imprensa foram feitas pelo próprio delegado Bruno, na quarta-feira, quando os valores passaram por uma perícia. Munido
de uma câmera fotográfica,
Bruno foi à unidade do Banco
Central em São Paulo e à sede
da empresa Protege S/A para
fazer as fotos dos dólares e dos
reais respectivamente.
Ouvidos ontem pela PF, que
investiga o vazamento, os peritos disseram que o delegado
"mentiu" ao dizer que havia
voltado para o caso.
No dia 15, quando o escândalo do dossiê estourou, Bruno
apreendeu o dinheiro num final de semana. Três dias depois, foi afastado do caso. Segundo a PF, ele atuou apenas
como plantonista.
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