São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2006

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DISTRITO FEDERAL

Chapa puro-sangue do PFL lidera com folga

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado José Roberto Arruda (PFL) deve ser eleito neste domingo o novo governador do Distrito Federal, por folgada margem de diferença contra seus adversários. Trata-se do congressista envolvido na violação do sigilo do painel do Senado em parceria com senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Na ocasião, chorou e jurou pelos filhos que nada tinha a ver com aquilo. Tinha.
Sua vitória amarga a candidatura da tucana Maria de Lourdes Abadia, que assumiu o governo com a saída de Joaquim Roriz (PMDB), que concorre ao Senado na liderança das pesquisas. E destroniza o PT da deputada distrital Arlete Sampaio, partido que conseguia polarizar a disputa ao Palácio do Buriti antes da chegada de Lula à Presidência.
Segundo pesquisas locais, Lula e Geraldo Alckmin (PSDB) empatam na preferência do eleitorado do Distrito Federal. A mesma refrega não se repete localmente.
A ausência do PT e do PSDB na chapa puro sangue de Arruda com o senador Paulo Octavio, também do PFL na vice, simboliza o início do rompimento entre tucanos e pefelistas. Na corrida ao Palácio do Planalto, Alckmin tem o senador José Jorge (PFL) como companheiro de chapa.
Ainda assim, a força dos partidos parece ter dado lugar ao personalismo de Arruda, que nos últimos quatro anos bateu na sua imagem de representante das cidades de Brasília, e do empresário Octavio, responsável por empreendimentos imobiliários para as classes média e alta no Plano Piloto.
"Quando disputamos internamente a indicação do partido, tinha 26% e o Arruda 27%, dependendo da pesquisa. Quando nos unimos, levamos os votos dos dois", afirmou Octavio, que nega afastamento dos tucanos e prevê aliança com o PSDB caso seja eleito vice-governador.
Em segundo lugar nas pesquisas, a governadora Abadia não conseguiu herdar o capital político de Roriz ou a adesão a Alckmin da reta final. "A campanha em Brasília é dúbia, uma base dividida. O PFL fazia parte da base de apoio ao governador Roriz, mas lançou a chapa puro-sangue e montamos a nossa", comentou à Folha.

Penitência
Arruda pouco se penitenciou pela violação do painel do Senado -na qual teve acesso aos votos pela cassação do então senadores Luiz Estevão (PMDB-DF). Admitiu ter cometido um "erro" na ocasião, sem ir muito além. O assunto, obviamente, virou mote dos adversários, que mostraram no horário eleitoral cenas do pefelista chorando na tribuna e jurando por seus filhos que estava limpo naquela história cinco dias antes de admitir a participação na irregularidade.
"Ele termina fazendo essa operação de varejo para seduzir as massas. Passou quatro anos fazendo reuniões com pequenos grupos de pessoas para explicar que a violação do painel não foi um erro tão grande assim. Não é ético, mas eficiente", analisou Rafael Porto, pesquisador de marketing político da Universidade de Brasília.


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