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PRESIDÊNCIA / AVALIAÇÃO DO 1º TURNO
Lula atribui revés a dossiê e falta no debate
Para presidente e maior parte dos ministros, passar o segundo turno "sofrendo" pelo caso do dossiê pode causar derrota
Candidato do PT fica calado
ao saber do resultado e
recebe ligações de Jaques
Wagner, Marcelo Déda,
Olívio Dutra e Mercadante
KENNEDY ALENCAR
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Avaliando que foi um erro ter
faltado ao debate da Rede Globo na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
quer que a Polícia Federal solucione o mais rápido possível a
origem do dinheiro do dossiêgate. Ele e os principais ministros avaliaram que passar o segundo turno sangrando com o
caso poderá resultar na vitória
do candidato da aliança PSDB-PFL, Geraldo Alckmin.
Lula acompanhou o noticiário sobre a apuração com ministros e auxiliares no Palácio
da Alvorada. Por volta das 22h
de ontem à noite, o jornalista
João Santana chegou perto do
presidente e disse: "Não vai
dar". Lula ficou calado, segundo relato de auxiliares. Os ministros presentes começaram a
tentar animá-lo, dizendo que a
votação do primeiro turno havia sido expressiva e que ele
vencerá na segunda rodada.
O candidato do PDT, Cristóvam Buarque, ligou para Lula
para "mandar um abraço", relatou à Folha um dos presentes.
Surpresa da eleição, Jaques
Wagner, que venceu a disputa
baiana, telefonou para o presidente. Lula falou ainda com
Marcelo Déda, eleito governador de Sergipe, o ex-ministro
Olívio Dutra, que passou ao segundo turno no Rio Grande do
Sul, e Aloizio Mercadante, derrotado em São Paulo.
Por volta das 21h15, auxiliares do presidente ainda acreditavam em vitória. Estrategistas
da campanha falavam em uma
dianteira de um milhão de votos, o que não se confirmou.
Uma das mais entusiasmadas
torcedoras era a ministra da
Casa Civil, Dilma Rousseff, que
repetia "não vai ter segundo
turno, não vai ter".
Além de Dilma, os ministros
Tarso Genro (Relações Institucionais), Guido Mantega (Fazenda) e Márcio Thomaz Bastos (Justiça), entre outros auxiliares, estavam no Alvorada.
Por volta de 23h30 os ministros que acompanhavam a apuração com o presidente começaram a deixar o Palácio e reconhecer que o triunfo esperado
no primeiro turno não viria.
Genro se esquivou de apontar uma causa para a queda nos
últimos dias. Questionado por
que Lula não ganhou no primeiro turno, respondeu: "Não
ganhou porque nós não chegamos a 50%". Apesar do evidente desapontamento com mais
30 dias de campanha pela frente, o petista classificou de "extraordinário" o resultado.
O esforço para tratar o resultado como vitória era evidente.
O vice-presidente da República, José Alencar, também afirmou que Lula foi o "vitorioso",
uma vez que foi o candidato
com o maior número de votos.
"Faltaram alguns pontos
percentuais, coisa de zero vírgula não sei o quê, para que ele
tivesse ganho", disse Alencar,
que completou: "Lula só não
ganhou no primeiro turno porque isso é bom para o Brasil".
Mesmo com o discurso otimista, Alencar disse que nas últimas duas semanas Lula foi alvo de "maledicências".
"Acho que esta campanha teve um trabalho ligado à maledicência, maledicência contra o
Lula, quando ele não tinha nada a ver com nenhuma dessas
coisas que aconteceram."
O vice disse que agora Lula
vai a debates, mas que foi "voto
vencido" no primeiro turno,
quando defendeu a ida do presidente às discussões, porque
avaliava que ele ganharia. Para
Alencar, não há dúvidas sobre o
resultado do segundo turno.
"Quem gosta do Brasil, gosta do
Lula, porque o Lula é o Brasil."
O ministro da Fazenda, Guido Mantega atribuiu o segundo
turno à "questão do dossiê, que
evidentemente atrapalhou um
pouco" e "à questão das fotos
do dinheiro, que foram supervalorizadas pela imprensa".
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