São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2006

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Campanha de Lula vê votação em São Paulo como "pesadelo'

EM SÃO PAULO
DA REPORTAGEM LOCAL

O pesadelo foi São Paulo. Por mais que os coordenadores da campanha do presidente Lula e o próprio petista já assimilassem, reservadamente, que a disputa iria ao segundo turno, causou perplexidade o resultado da votação no Estado.
O estrago causado pelo envolvimento de petistas na compra do dossiê da família Vedoin -acusada de liderar a máfia dos sanguessugas- foi maior que o partido imaginava. "O eleitorado vinha fazendo uma dobradinha clara em São Paulo com Lula e [José] Serra, mas mudou após o episódio do dossiê", disse o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Surpreendido pela votação no Estado, Lula chegou a telefonar, depois das 20h, a coordenadores de campanha regionais. Queria saber se a vantagem que teria sobre os adversários em Minas, segundo maior colégio eleitoral do país, superaria o bom desempenho de Geraldo Alckmin em SP, que conseguia vantagem de quase 20 pontos percentuais. Foi avisado de que a situação, por lá, também não era tão favorável.
Os petistas mineiros eram um poço de frustração. Os que protestaram contra a aliança com o PMDB no Estado jogavam na conta da direção nacional do PT o equívoco. "Esse Newton Cardoso foi um peso enorme nas nossas costas", desabafou uma liderança. Além do "efeito Newtão", que passou de forte adversário do PT a companheiro de Lula, pesou o empenho na campanha de Alckmin, na reta final, do governador Aécio Neves (PSDB), reeleito no primeiro turno.
O segundo turno entre Lula e Alckmin deixa Aécio numa encruzilhada. Se tentar eleger o correligionário, perde a aliança com o PT para se credenciar como candidato à Presidência em 2010. Aécio apostava na simpatia de Lula e de lideranças petistas para vencer a disputa interna com José Serra, eleito governador de SP. "Se Aécio quiser eleger Alckmin, vai haver um racha em Minas. O sonho da unidade vai para o vinagre. Vai ser uma disputa mano a mano", alertou um petista.
Contra ele, estariam o vice, José Alencar; o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel; o candidato derrotado ao governo, Nilmário Miranda; e o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social). Todos têm votação expressiva em Minas. Do lado tucano estaria o ex-presidente Itamar Franco.
Ainda no divã, os petistas atribuíram o segundo turno ao bombardeio a Lula na imprensa nos últimos 15 dias. A publicação das fotos do dinheiro usado por petistas para comprar o dossiê foi um golpe mortal. Para boa parte dos petistas, Lula errou ao não comparecer ao debate. "Lula deveria ter ido", diz Valter Pomar, da coordenação de campanha.
Para o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), a votação em SP foi resultado "do uso dos erros da campanha [dossiê] por parte dos nossos adversários e da mídia". (FÁBIO ZANINI e MALU DELGADO)

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