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Campanha de Lula vê votação em São Paulo como "pesadelo'
EM SÃO PAULO
DA REPORTAGEM LOCAL
O pesadelo foi São Paulo. Por
mais que os coordenadores da
campanha do presidente Lula e
o próprio petista já assimilassem, reservadamente, que a
disputa iria ao segundo turno,
causou perplexidade o resultado da votação no Estado.
O estrago causado pelo envolvimento de petistas na compra do dossiê da família Vedoin
-acusada de liderar a máfia dos
sanguessugas- foi maior que o
partido imaginava. "O eleitorado vinha fazendo uma dobradinha clara em São Paulo com
Lula e [José] Serra, mas mudou
após o episódio do dossiê", disse o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Surpreendido pela votação
no Estado, Lula chegou a telefonar, depois das 20h, a coordenadores de campanha regionais. Queria saber se a vantagem que teria sobre os adversários em Minas, segundo maior
colégio eleitoral do país, superaria o bom desempenho de
Geraldo Alckmin em SP, que
conseguia vantagem de quase
20 pontos percentuais. Foi avisado de que a situação, por lá,
também não era tão favorável.
Os petistas mineiros eram
um poço de frustração. Os que
protestaram contra a aliança
com o PMDB no Estado jogavam na conta da direção nacional do PT o equívoco. "Esse
Newton Cardoso foi um peso
enorme nas nossas costas", desabafou uma liderança. Além
do "efeito Newtão", que passou
de forte adversário do PT a
companheiro de Lula, pesou o
empenho na campanha de
Alckmin, na reta final, do governador Aécio Neves (PSDB),
reeleito no primeiro turno.
O segundo turno entre Lula e
Alckmin deixa Aécio numa encruzilhada. Se tentar eleger o
correligionário, perde a aliança
com o PT para se credenciar como candidato à Presidência em
2010. Aécio apostava na simpatia de Lula e de lideranças petistas para vencer a disputa interna com José Serra, eleito governador de SP. "Se Aécio quiser eleger Alckmin, vai haver
um racha em Minas. O sonho
da unidade vai para o vinagre.
Vai ser uma disputa mano a
mano", alertou um petista.
Contra ele, estariam o vice,
José Alencar; o prefeito de Belo
Horizonte, Fernando Pimentel; o candidato derrotado ao
governo, Nilmário Miranda; e o
ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social). Todos
têm votação expressiva em Minas. Do lado tucano estaria o
ex-presidente Itamar Franco.
Ainda no divã, os petistas
atribuíram o segundo turno ao
bombardeio a Lula na imprensa nos últimos 15 dias. A publicação das fotos do dinheiro
usado por petistas para comprar o dossiê foi um golpe mortal. Para boa parte dos petistas,
Lula errou ao não comparecer
ao debate. "Lula deveria ter
ido", diz Valter Pomar, da coordenação de campanha.
Para o presidente da Câmara,
Aldo Rebelo (PC do B-SP), a votação em SP foi resultado "do
uso dos erros da campanha
[dossiê] por parte dos nossos
adversários e da mídia".
(FÁBIO ZANINI e MALU DELGADO)
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