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PRESIDÊNCIA / ESTRATÉGIA PARA O 2º TURNO
Escândalo do dossiê seguirá sangrando Lula, diz analista
Para Cláudio Couto, votação de Afif para o Senado em São Paulo é sinal que "estrago" no PT foi maior que o esperado
Para o professor Carlos Ranulfo, da UFMG, crescerá a influência da TV e Alckmin já terá de lidar com disputa prematura tucana por 2010
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Decisivo no primeiro-turno,
o escândalo do dossiê vai continuar sangrando a campanha de
Luiz Inácio Lula da Silva no
embate com Geraldo Alckmin
(PSDB) em 29 de outubro. "O
estrago vai aumentando ao longo dos dias e o tema não tem data para sair da agenda, porque a
investigação está em curso",
afirma o cientista político e
professor da PUC de São Paulo
Claudio Couto.
Um dos índices do alcance da
crise, aponta Couto, é a votação
expressiva de Guilherme Afif
(PFL) para o Senado em São
Paulo -43% dos votos válidos
até o fechamento desta edição,
quando as pesquisas de intenção de voto apontavam pouco
mais de 30%, contra 53% de
Eduardo Suplicy (PT), que foi
eleito com 47% dos votos.
"É surpreendente. O efeito é
maior que se podia avaliar", diz
o professor da PUC, que enxerga no voto em Afif o aumento
da rejeição ao PT.
O favoritismo de Lula, porém, não foi revertido, diz
ele."Mas tudo mostra que Alckmin entra no segundo turno
com condições de criar muitos
problemas para o presidente,
principalmente se o crescimento dos últimos dias se confirma uma tendência."
Os cientistas políticos Carlos
Ranulfo e Fabiano Santos
vêem, nas próximas semanas,
poucas alterações do quadro
atual. E lamentam: haverá acirramento de ânimos e o dossiê
continuará monopolizando os
holofotes, sem espaço para discussões programáticas. "Vai ser
uma campanha muito pouco
produtiva para o país", afirma
Santos.
Ranulfo diz que a única chance de Lula recuperar a agenda
da campanha é que o caso, que
ele considera "um tema da eleição paulista contrabandeado
para a campanha nacional", se
resolva rápido. "Lula tem mais
a ganhar com a resolução rápida do caso do dossiê", diz ele,
professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
O professor acredita que na
campanha de segundo turno
crescerá a importância dos programas de TV. "Programa na
TV e debates vão ser decisivos.
É tudo mais concentrado e há
muitos Estados sem segundo
turno. Tudo isso contribui para
que o horário político vai assumir muita importância."
Para Fabiano dos Santos, a
estratégia do PT no segundo-turno deve combinar revide aos
ataques da oposição com um
"esclarecimento cabal do partido" sobre o episódio, que tirou
de Lula votos da classe média.
"A classe média estava indecisa
e com memória não muito positiva [do PT]. Ela se vê como
pagadora de impostos e como
não recebedora dos benefícios
e a questão ética tem um peso
muito grande."
Passos tucanos
Se torce para que o PT não
estanque a crise, o PSDB também terá de esforçar para mostrar que Alckmin tem um programa de governo consolidado
e que "não é tão conservador
assim", analisa Couto. "Para se
tornar realmente competitivo
ele vai ter de atrair um eleitor
de centro-esquerda, que pode
votar no PT ou no PSDB, desde
que o candidato tucano pareça
mais confiável [para esse eleitorado]", explica.
"Alckmin explorou, e muito
bem, todas as possibilidades do
voto tucano. Só ir para o segundo turno já é um feito memorável. Agora, o desafio é conseguir, desesperadamente, os votos dos demais e lutar para tirar
votos de Lula", afirma Santos.
É mais provável que o tucano
arrebanhe os votos de Cristovam Buarque (PDT) do que de
Heloísa Helena (PSOL). "E se o
eleitor de Heloísa resolve votar
nulo, aí é vantagem para Lula",
afirma Claudio Couto.
Outro desafio para o tucano,
diz Ranulfo, é administrar os
problemas internos do
PSDB."Não vejo o PSDB com
tanto entusiasmo com a campanha de Alckmin no segundo
turno. O partido já tem dois
candidatos a presidente em
2010. Se Alckmin ganha, vão
ser três", diz, em referência aos
"presidenciáveis" José Serra e a
Aécio Neves.
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