São Paulo, sábado, 03 de abril de 2004

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Perfil é o mais diferenciado da cidade

Alto poder aquisitivo, formação universitária, hábitos de consumos sofisticado. Essas são algumas características dos moradores dos Jardins e da área centro-sul. Mais do que os habitantes de outras regiões, eles viajam ao exterior, freqüentam restaurantes e consomem música eletrônica

MAYRA STACHUK
DA REPORTAGEM LOCAL

O arquiteto Juan Pablo Rosemberg, 28, fala quatro línguas, morou na Itália e no México e, pelo menos uma vez por ano, viaja para o exterior.
Filho de um empresário e de uma psiquiatra argentinos, Rosemberg mora em uma cobertura nos Jardins e exibe características comuns aos habitantes dessa região da cidade, que agrega os distritos Campo Belo, Consolação, Itaim Bibi, Jardim Paulista, Moema, Saúde e Vila Mariana.
O perfil desse morador, que emerge da pesquisa realizada pelo instituto Datafolha, permite observar, entre outros aspectos, o seguinte: 18% costumam fazer viagens internacionais, e 41% têm nível superior -índice que fica bem acima da média registrada em São Paulo: 12%.
O levantamento destaca ainda que 24% dos habitantes entrevistados são de classe A e 43% têm renda familiar acima de dez salários mínimos (o equivalente a R$ 2.400).
"Acho que uma característica puxa a outra", diz Rosemberg. "O alto poder aquisitivo possibilita o acesso aos estudos, que, conseqüentemente, desenvolvem os aspectos culturais."
Rosemberg se formou na Universidade Mackenzie e cursou os ensinos fundamental e médio no Colégio Santa Cruz e no Logos, respectivamente. As três instituições são freqüentadas por alunos de famílias de classe média e classe média alta.
"As minhas características são também as dos meus amigos e vizinhos", afirma Rosemberg, confirmando os índices do Datafolha.
Os distritos da região denominada Jardins/centro-sul, não por acaso, concentram a maior parte das boas -e caras- instituições de ensino da cidade, como os colégios Bandeirantes, Arquidiocesano e São Luís.
Ali também estão instituições como Escola Superior de Propaganda e Marketing, Mackenzie e a Faap -Fundação Armando Álvares Penteado, que fica em Higienópolis, subdistrito da Consolação.
Mara Velasco Romano, 40, fisioterapeuta, da mesma forma que Juan Pablo Rosemberg, exibe o perfil comum às pessoas da região Jardins/centro-sul. Ela é casada com um médico e mora em um prédio de classe média alta em Moema.
Para auxiliá-la com os dois filhos, de 6 e 2 anos, tem uma babá e uma empregada doméstica -benefícios acessíveis apenas para pessoas com renda familiar bem acima da média da população da cidade, que é R$ 480.
Ela e o marido são assalariados registrados. Em São Paulo, 19% dos trabalhadores são registrados, mas na área Jardins/centro-sul, a porcentagem sobe para 27%.
"Temos uma vida muito boa, não podemos reclamar. Mas trabalhamos para isso. Gosto de ter conforto e dar o melhor para os meus filhos", diz Mara.
Ela também tem o hábito de viajar, tanto para o exterior quanto pelo Brasil, assim como a maioria dos moradores de seu bairro e da região -49% das pessoas ouvidas costumam viajar para outros Estados.
Da mesma forma que nas demais regiões da cidade, a comida mais consumida pelos habitantes do Jardins/centro-sul é o trivial arroz e feijão, presente na mesa de 61% das pessoas. A mais consumida, no entanto, não é necessariamente a favorita. Nessa região, 24% dos moradores elegeram o prato como seu preferido, enquanto a média de São Paulo é 34%.
Talvez um dos fatores que desviam os habitantes da área Jardins/centro-sul do prato principal da cesta básica seja a grande concentração de bons restaurantes nesses distritos.
"Se eu pudesse, jantaria fora todas as noites, cada dia em um lugar diferente. Mas, por falta de tempo, vou a bons restaurantes apenas nos finais de semana", diz a dentista Bruna Velloz, 32, que mora nos Jardins. Como Bruna, 79% dos moradores dessa região têm o hábito de ir a restaurantes. A média de São Paulo é 57%.

Música eletrônica
O gênero musical preferido das pessoas desse local é a MPB, que na pesquisa do Datafolha foi citada por 26% dos moradores. Em segundo lugar está o rock, escolhido por 13% dos entrevistados. O destaque nessa área, no entanto, é a música eletrônica.
De todas as regiões da cidade, Jardins/centro-sul é onde o estilo musical recebeu mais citações (12%). A média de consumidores de música eletrônica na cidade é 1%."É um ritmo muito estrangeiro. Tem um perfil mais classe média, mesmo. Até porque os lugares em que toca música eletrônica geralmente são mais caros", diz o estudante Ricardo Klotz, 19.


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