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Perfil é o mais diferenciado da cidade
Alto poder aquisitivo, formação universitária,
hábitos de consumos sofisticado. Essas são algumas características dos moradores dos Jardins e
da área centro-sul. Mais do que os habitantes de
outras regiões, eles viajam ao exterior, freqüentam restaurantes e consomem música eletrônica
MAYRA STACHUK
DA REPORTAGEM LOCAL
O arquiteto Juan Pablo Rosemberg,
28, fala quatro línguas, morou na Itália
e no México e, pelo menos uma vez
por ano, viaja para o exterior.
Filho de um empresário e de uma
psiquiatra argentinos, Rosemberg
mora em uma cobertura nos Jardins e
exibe características comuns aos habitantes dessa região da cidade, que
agrega os distritos Campo Belo, Consolação, Itaim Bibi, Jardim Paulista,
Moema, Saúde e Vila Mariana.
O perfil desse morador, que emerge
da pesquisa realizada pelo instituto
Datafolha, permite observar, entre outros aspectos, o seguinte: 18% costumam fazer viagens internacionais, e
41% têm nível superior -índice que
fica bem acima da média registrada
em São Paulo: 12%.
O levantamento destaca ainda que
24% dos habitantes entrevistados são
de classe A e 43% têm renda familiar
acima de dez salários mínimos (o
equivalente a R$ 2.400).
"Acho que uma característica puxa a
outra", diz Rosemberg. "O alto poder
aquisitivo possibilita o acesso aos estudos, que, conseqüentemente, desenvolvem os aspectos culturais."
Rosemberg se formou na Universidade Mackenzie e cursou os ensinos
fundamental e médio no Colégio Santa Cruz e no Logos, respectivamente.
As três instituições são freqüentadas
por alunos de famílias de classe média
e classe média alta.
"As minhas características são também as dos meus amigos e vizinhos",
afirma Rosemberg, confirmando os
índices do Datafolha.
Os distritos da região denominada
Jardins/centro-sul, não por acaso,
concentram a maior parte das boas
-e caras- instituições de ensino da
cidade, como os colégios Bandeirantes, Arquidiocesano e São Luís.
Ali também estão instituições como
Escola Superior de Propaganda e Marketing, Mackenzie e a Faap -Fundação Armando Álvares Penteado, que
fica em Higienópolis, subdistrito da
Consolação.
Mara Velasco Romano, 40, fisioterapeuta, da mesma forma que Juan Pablo Rosemberg, exibe o perfil comum
às pessoas da região Jardins/centro-sul. Ela é casada com um médico e
mora em um prédio de classe média
alta em Moema.
Para auxiliá-la com os dois filhos, de
6 e 2 anos, tem uma babá e uma empregada doméstica -benefícios acessíveis apenas para pessoas com renda
familiar bem acima da média da população da cidade, que é R$ 480.
Ela e o marido são assalariados registrados. Em São Paulo, 19% dos trabalhadores são registrados, mas na área
Jardins/centro-sul, a porcentagem sobe para 27%.
"Temos uma vida muito boa, não
podemos reclamar. Mas trabalhamos
para isso. Gosto de ter conforto e dar o
melhor para os meus filhos", diz Mara.
Ela também tem o hábito de viajar,
tanto para o exterior quanto pelo Brasil, assim como a maioria dos moradores de seu bairro e da região -49%
das pessoas ouvidas costumam viajar
para outros Estados.
Da mesma forma que nas demais regiões da cidade, a comida mais consumida pelos habitantes do Jardins/centro-sul é o trivial arroz e feijão, presente na mesa de 61% das pessoas. A mais
consumida, no entanto, não é necessariamente a favorita. Nessa região, 24%
dos moradores elegeram o prato como seu preferido, enquanto a média
de São Paulo é 34%.
Talvez um dos fatores que desviam
os habitantes da área Jardins/centro-sul do prato principal da cesta básica
seja a grande concentração de bons
restaurantes nesses distritos.
"Se eu pudesse, jantaria fora todas as
noites, cada dia em um lugar diferente.
Mas, por falta de tempo, vou a bons
restaurantes apenas nos finais de semana", diz a dentista Bruna Velloz, 32,
que mora nos Jardins. Como Bruna,
79% dos moradores dessa região têm
o hábito de ir a restaurantes. A média
de São Paulo é 57%.
Música eletrônica
O gênero musical preferido das pessoas desse local é a MPB, que na pesquisa do Datafolha foi citada por 26%
dos moradores. Em segundo lugar está o rock, escolhido por 13% dos entrevistados. O destaque nessa área, no entanto, é a música eletrônica.
De todas as regiões da cidade, Jardins/centro-sul é onde o estilo musical
recebeu mais citações (12%). A média
de consumidores de música eletrônica
na cidade é 1%."É um ritmo muito estrangeiro. Tem um perfil mais classe
média, mesmo. Até porque os lugares
em que toca música eletrônica geralmente são mais caros", diz o estudante
Ricardo Klotz, 19.
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