São Paulo, sábado, 03 de abril de 2004

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Barulho, trânsito e violência incomodam

Moradores do Itaim e Vila Olímpia reclamam do som produzido pelas diversas casas noturnas da área. Aqueles que trafegam pelas avenidas Rebouças, Nove de Julho e Cidade Jardim sofrem com o transtorno ocasionado pelas obras. E a violência é o problema que afeta a todos



DA REPORTAGEM LOCAL

Os distritos que abrangem a região dos Jardins e o centro-sul são os mais bem aparelhados da cidade, mas nem por isso deixam de apresentar alguns problemas.
As queixas dos habitantes dessa área são semelhantes às de pessoas das outras partes de São Paulo: violência, trânsito e buracos nas ruas. Mas eles têm ainda um problema peculiar: a poluição sonora causada pelo grande número de bares e casas noturnas próximos à moradias. Na pesquisa do Datafolha, o item barulho/bagunça foi citado por 3% dos moradores dessa região como principal problema do bairro em que moram. A média da cidade para essa resposta foi 1%, e em muitas áreas o item nem foi lembrado.
A advogada Regina Helena Lopes, 50, mora na rua Júlio Diniz, na Vila Olímpia, em frente a três casas noturnas. Regina diz que, todos os fins de semana, perde o sono -literalmente- por conta dessas boates. "Uma delas abre um teto retrátil às 2h da madrugada, e a música altíssima ecoa incomodando toda a vizinhança."
Alexandre Lordello, 36, analista de sistemas, mora no Itaim e também tem problemas com barulho à noite. "Só passei a dormir tranqüilo depois que coloquei vidro anti-ruído nas janelas do quarto."
Ambos citam também o trânsito como problema gerado pelas casas noturnas. "Tem morador que já demorou quase uma hora para chegar até a garagem", afirma Regina.
O trânsito, a propósito, foi citado por 6% dos entrevistados pelo Datafolha como principal problema da região. Isso porque os congestionamentos não são gerados só pelo movimento dos bares e das boates.
Durante o dia, quem circula na região também sofre com engarrafamentos -o que é comprovado estatisticamente quando se destaca que, apesar de 60% das pessoas que moram na área trabalharem na mesma região, o tempo gasto no trânsito é alto: de uma a duas horas por dia, segundo 25% do entrevistados.
Obras em realização nas principais vias da área estão, segundo os moradores ouvidos, atrapalhando ainda mais o tráfego. Uma dessas obras é na avenida Nove de Julho, onde a prefeitura está construindo corredores de ônibus. Também estão interditados desde o início do ano trechos das avenidas Rebouças e Faria Lima para a construção de túneis.
O empresário Fábio Martinelli, 34, que mora no distrito dos Jardins há 30 anos, afirma que a obra da Nove de Julho piorou o trânsito na região. "Além das reformas, há os buracos, que também atrapalham o tráfego local. Alguns comemoram até aniversário, de tanto tempo que estão no mesmo lugar." Os buracos foram lembrados por 7% dos entrevistados, que classificaram a deficiência no calçamento como principal problema do bairro em que moram.
A violência, assim como em todas as regiões da cidade, é a maior preocupação da maioria dos habitantes da região Jardins/centro-sul (20%).

"Arrastão"
A natureza dos crimes dessa área é diferenciada. Além do furto -que, segundo o 78º Distrito Policial, é o delito mais registrado na região- e do assalto nos faróis -segundo o Conseg (Conselho de Segurança) do Itaim, o que mais assusta os moradores do distrito-, um tipo de crime próprio do Jardins/centro-sul é o chamado "arrastão" em prédios de luxo.
Em fevereiro deste ano, um prédio de alto padrão na Vila Mariana foi invadido e, dos 18 apartamentos, seis foram roubados. Em outubro do ano passado, um bando foi preso nos Jardins depois de levar jóias e dinheiro dos moradores de um prédio de luxo. Segundo a polícia, o grupo era responsável por outros 12 assaltos da mesma natureza ocorridos nesses distritos.




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