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Papa promoveu internacionalização do clero
PAULO DANIEL FARAH
ESPECIAL PARA A FOLHA
O leque de nacionalidades para
o futuro papa está bastante aberto
devido à internacionalização do
alto clero promovida por João
Paulo 2º, cardeal polonês (cujo
nome de batismo é Karol Wojtyla) que rompeu o monopólio italiano de mais de 450 anos ao ser
eleito em 1978.
No Colégio Cardinalício estão
representados mais de 50 países.
Apesar dessa diversidade, a distribuição geográfica dos cardeais
não corresponde à realidade.
No pontificado que agora se encerra, a Igreja Católica deixou de
ter maioria européia. Em 2000,
67% dos católicos já se encontravam na América Latina, na África
e na Ásia, mas os cardeais eleitores dessas regiões representam
apenas 32% do total.
Desde a última nomeação de
cardeais (em 2003), a igreja possui
95 cardeais europeus (com 58
eleitores, o que representa metade
do total), 18 de Estados Unidos e
Canadá (14 eleitores), 31 da América Latina (21 eleitores), 16 da
África (11 eleitores), 18 da Ásia (11
eleitores) e cinco da Oceania (dois
eleitores), totalizando 183 cardeais (117 eleitores).
Desta vez, a preferência pode
ser da Itália, que lidera o ranking
dos países com mais cardeais
-são 38 (20 com direito a voto).
EUA (13 cardeais -11 dos quais
são eleitores), Alemanha (8 cardeais -6 eleitores) e Brasil (8 cardeais -4 eleitores) completam o
topo da lista.
Votam os cardeais que têm menos de 80 anos. O mais novo é o
húngaro Péter Erdo, nascido em
25 de junho de 1952, e o mais velho é o holandês Johannes Willebrands, nascido em 4 de setembro
de 1909.
Entre os candidatos mais cotados à sucessão, está o secretário
de Estado do Vaticano, o italiano
Angelo Sodano.
Conservador, Sodano presidiu a
Conferência dos Bispos Latino-Americanos em Santo Domingo,
em 1992. Devido a divergências,
trancou-se no quarto do hotel, dizendo-se "horrorizado" com as
posições pouco conservadoras
dos presentes, e afirmou que só
sairia para voltar a Roma. Foi
convencido a permanecer por
meio de notas passadas por debaixo da porta e certa insistência.
Camillo Ruini (conservador),
vigário-geral da diocese de Roma
e presidente da conferência episcopal italiana, e Dionigi Tettamanzi, nomeado em 2002 arcebispo de Milão, são outros candidatos italianos. A saúde debilitada
de Ruini (que passou por uma cirurgia cardíaca em 2000) o prejudica.
Fazem parte ainda da lista de
"papabili" Francis Arinze, filho de
um chefe tribal da Nigéria com
papel de destaque na expansão
católica na África e no diálogo
com hindus, muçulmanos e budistas, e Ivan Dias, arcebispo de
Mombai (na Índia) que fez carreira no serviço diplomático do Vaticano a partir de 1965 e esteve em
diversos países africanos, na Coréia do Sul e na Albânia.
Latino-americanos
Em uma entrevista concedida a
uma rádio alemã, o cardeal Karl
Lehman (ele próprio um candidato à sucessão) disse que o próximo papa virá da América Latina.
Outros cardeais também afirmaram acreditar que o futuro líder
católico virá dessa região.
Entre os favoritos à sucessão estão o hondurenho Oscar Andrés
Rodríguez Maradiaga, arcebispo
de Tegucigalpa, o cubano Jaime
Lucas Ortega y Alamino (que promoveu a igreja em Cuba), os brasileiros Cláudio Hummes e Geraldo Majella Agnelo, o colombiano
Dario Castrillón Hoyos e o mexicano Norberto Rivera Carrera.
Arcebispo de São Paulo, d.
Cláudio integrou várias comissões de assessoria papal e é considerado o brasileiro com mais
chances.
Os cardeais rejeitam tentativas
de comentar o assunto. De culturas e pontos de vista diferentes,
têm em comum o silêncio.
O cardeal mexicano Juan Sandoval Íñiguez, arcebispo de Guadalajara, resumiu como a Igreja
Católica lida com a questão.
"Quem sabe quem será o próximo papa? O Espírito Santo."
Paulo Daniel Farah é professor na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP
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