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JOÃO PAULO 2º
ATUAÇÃO INTERNACIONAL
Papa influenciou na queda do comunismo
Originário da Polônia, que vivia sob o comunismo, João Paulo 2º utilizou sua força para ajudar a desestabilizar os regimes comunistas europeus, que reprimiam o catolicismo
ESPECIAL PARA A FOLHA
À frente do Vaticano, João Paulo 2º liderou uma vigorosa ação
política contra o comunismo. A
Polônia, terra natal de Karol
Wojtyla, foi a primeira peça do
"efeito dominó" que levou abaixo
o comunismo no Leste Europeu
no final dos anos 80.
A cúpula soviética estremeceu
com a visita de João Paulo 2º a
Varsóvia (capital polonesa) em
1979, um ano após sua eleição como papa.
Relatório enviado ao Politburo
pelo Conselho para Assuntos Religiosos da União Soviética dizia:
"Os camaradas poloneses caracterizam João Paulo 2º como mais
reacionário em assuntos da igreja
e mais perigoso no nível ideológico que seus predecessores. Quando cardeal, distinguiu-se por sua
posição anticomunista".
"Marxismo selvagem
Antes mesmo de ser nomeado
cardeal, Wojtyla ajudou a instalar
clandestinamente cruzes de madeira em campos da Polônia e incentivou a construção de igrejas
numa época em que o governo via
com péssimos olhos qualquer
manifestação religiosa.
Em novembro de 1989, com um
"empurrão" do papa, caiu o Muro
de Berlim, e, em dezembro do
mesmo ano, o líder soviético Mikhail Gorbatchov atravessou a
praça de São Pedro para um encontro histórico.
Os pesquisadores Marco Politi e
Carl Bernstein falam, no livro
"Sua Santidade - João Paulo 2º e a
História Oculta de Nosso Tempo", em uma aliança secreta entre
a Santa Sé e a CIA (agência de inteligência dos EUA) para combater movimentos políticos considerados pró-marxistas. Líderes
comunistas sobretudo do Leste
Europeu procuraram evitar a presença do papa.
O papa definiu, porém, o "capitalismo selvagem" como equivalente ao "marxismo selvagem".
Estudiosos afirmam que, na opinião do líder católico, a Igreja Ortodoxa teria uma "dívida de gratidão" por sua contribuição para o
fim das perseguições típicas da
era comunista.
Fracasso da diplomacia
No início de 1998, viajou a Cuba.
"Não sou profeta. Quem viver verá", disse o papa quando lhe perguntaram se sua visita significava
o "começo do fim" do comunismo na ilha.
João Paulo 2º defendeu o perdão da dívida externa de países
em desenvolvimento e visitou o
Chile sob comando do ditador
Augusto Pinochet (o papa foi criticado por isso). Além disso, ajudou a evitar uma guerra entre o
Chile e a Argentina pelo controle
de três ilhas na entrada do canal
de Beagle.
Enviou representantes do Vaticano para que servissem de árbitros na disputa e no compromisso
de uma solução pacífica. Em janeiro de 1984, esses países firmaram um Tratado de Paz e Amizade. A cerimônia aconteceu no Vaticano em homenagem ao papa.
O papa buscou impedir a guerra
contra o Iraque, exortou fiéis de
todas as religiões a jejuarem em
favor da paz e descreveu a ofensiva militar como "imoral e injusta". Poucas horas depois do início
da guerra, em 20 de março de
2003, o Vaticano expressou uma
"dor profunda" com a situação e
criticou as partes envolvidas no
conflito pelo fracasso da diplomacia. "Quando uma guerra, como a
que ocorre no Iraque, ameaça o
destino da humanidade, é urgente
que proclamemos, com uma voz
forte e decidida, que somente a
paz é o caminho a ser seguido para construir uma sociedade mais
justa e mais unida. A violência e as
armas nunca poderão resolver os
problemas dos homens", afirmou
o papa após o início da ofensiva
inicial, que durou até 1º de maio
de 2003.
A mais sólida instituição do
Ocidente (o papado, nas palavras
de Frei Betto) foi administrada
nos últimos 20 séculos por seres
humanos que influenciaram a
história mundial por meio de decisões religiosas e políticas -às
vezes por motivações pessoais.
(PAULO DANIEL FARAH)
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