DA REPORTAGEM LOCAL

O primeiro discurso de José Serra como governador de São Paulo foi endereçado ao eleitorado mais pobre do Estado: "Nós vamos fazer em São Paulo um governo popular, voltado aos que mais precisam, aos que são mais vulneráveis, àqueles que são mais necessitados".
A ênfase não foi à toa. A batalha com o PT por essa parcela da população deve ser uma das principais de seu futuro governo, segundo a Folha apurou.
O primeiro sinal veio já durante a campanha, que na capital ficou concentrada nos bairros pobres e populosos das zona sul e leste. Mais de uma vez Serra disse que faria um governo popular. Não é coincidência que ele tenha ampliado sua votação em regiões sempre identificados com o PT.
Um amigo de Serra afirma que, além disso, há outros movimentos em curso. Um deles é a busca por um eleitorado de centro-esquerda e de classe média que se decepcionou com o PT, mas não quer migrar para o PSOL. Mas, para isso, é preciso levar o PSDB mais para a esquerda. Segundo esse amigo, Serra terá de ser muito habilidoso para conduzir essa luta sem despertar escaramuças dentro do seu partido.
Há mais em jogo. Aloysio Nunes Ferreira, secretário de Governo da prefeitura de São Paulo, vê na atitude de Serra um passo decisivo para o PSDB. "Com o Plano Real, o PSDB ficou identificado como um partido que fez muito pela economia. O passo de Serra é para que o partido também fique cada vez mais caracterizado como o partido da inclusão social", diz Ferreira.
Apesar da disputa, Serra mantém relações respeitosas com o governo Lula. Anteontem, o ministro Marcio Thomaz Bastos ligou para o tucano e lhe felicitou pela vitória.
(LEANDRO BEGUOCI)


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